quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Blocos de notas ultra rápidos

Nunca vos aconteceu precisarem de tomar notas, e não queriam usar apenas uma folha qualquer?
Não queriam ir comprar um bloco mixuruca, nem dar um dinheirão por um bloco decente numa papelaria? Como se, ter um bloco de notas fosse a coisa mais urgente e importante do mundo?

Eu resolvi essa situação e para não me voltar a faltar tenho dois.



Aproveitei que tinha um bloco de folhas de 100g coloridas e cortei-as em 2. Dobrei cada metade e juntei-as a gosto, criando pequenos blocos (o nr de folhas fica à vontade do freguês).
Para a capa usei um individual em PVC, botões coloridos de plástico e elásticos de cabelo com cor a combinar com o botão e com algumas das folhas a usar no interior.


Passei o elástico pela capa e pelo centro do bloco de folhas. 


Fiz um pequeno corte na dobra, a meio, para o elástico não se desviar muito do seu lugar.


Fica direitinho. Cortei as folhas à mão como se pode ver pelos rebordos. Não cosi o bloco de folhas para ser mais rápido e prático.


Usei outro elástico da mesma cor (opcional) para fechar o bloco e prendi-o em dois botões - um de cada lado. Esses tiveram que ser cosidos, mas nada de extraordinário.


Um relance das folha no interior dos dois blocos.


Cada um deles. Iguais de ambos os lados. Depois é só escolher por onde começar a escrever.



A capa é lavável e o bloco de notas no interior pode a qualquer momento ser substituído folha a folha ou na totalidade.

Espero que tenham gostado.







quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O Boi que Guardava o Sábado (conclusão)


Certo de que tinha a atuação célere e despachada do boi na sexta feira passada, fora apenas um acaso de sorte e conformado se a vontade de Deus era que ele passasse os Sábados enclausurado Nickolai, naquela sexta-feira, só se levantou quando, ainda antes da formatura - obrigatória em cada manhã - vieram chamá-lo para que fosse ao estábulo, pois uma coisa estava a acontecer.

Nickolai chegou ao estábulo e viu Maksim numa inquietação ainda maior que a da semana anterior. Coiceava e dava marradas em tudo o que parecesse estar no seu caminho, como se desejasse sair dali.
Não acreditando no que via, Nickolai atrelou-o à carroça com os barris vazios e mal deu por isso, já o boi se punha em corrida para fora do campo e Nickolai teve que voltar a correr para o acompanhar, sentindo que afinal o acaso da semana passada, era a mão de Deus na sua vida, e agradecendo em pensamento.

Todo o dia foi uma repetição da sexta-feira passada, mas desta vez à saída depois do meio dia para a tarefa da tarde, o cozinheiro que já contava com a situação tinha um farnel para que Nickolai comesse alguma coisa no caminho, mesmo que fosse em passo de corrida.

E o fim do dia chegou com a quota da água dobrada e o Sábado foi dia de descanso para os dois.

Durante oito anos, as semanas sucediam-se desta forma e apesar da repetição, as sextas feiras eram sempre motivo de boa disposição entre os prisioneiros e os guardas.

Um dia, o mesmo oficial com quem Nickolai fizera o acordo, voltou a visitar o campo e ao tomar conhecimento do que estava a acontecer, ordenou que o prisioneiro fosse libertado e no mesmo dia Nickolai viu-se a caminho do comboio que o levaria de volta a casa.

Com a chegada de novos prisioneiros, foi decidido que o trabalho de ir buscar água à nascente, seria tarefa de um dos novos, já que mais ninguém gostava de o fazer, e o novo prisioneiro, limitava-se a seguir o boi que conhecia o caminho e aproveitava para ir na carroça, enquanto os barris estavam vazios, caminhando apenas na volta, quando já vinham cheios e não convinha cansar demais o animal.

Chegou a sexta-feira e quando se ia preparar para se montar na carroça e fazer a sua viagem regalado, Maksim começou a sua corrida das sextas-feiras. Os outros prisioneiros divertidos, entraram em gargalhada geral com a aflição do novo prisioneiro que desatou a correr em desespero atrás do boi.
Nenhum lhe havia contado o que costuma passar-se, por curiosidade em ver se agora que Nickolai não estava, o boi mantinha o hábito de dobrar o trabalho na sexta, e para ver a atrapalhação do outro se isso acontecesse.

Cada vez que a carroça voltava ao campo, o prisioneiro chegava sem fólego, quase sem conseguir respirar - afinal não estava habituado a fazer os quilómetros que distavam o campo da nascente, num passo de corrida e quando finalmente o boi parou no final do dia e ainda sob as gargalhadas dos companheiros, o prisioneiro só dizia entre golfadas de ar:
- Desisto! O boi está possesso! Não há outra explicação!
- Há sim! - ouviu-se uma voz ali perto e todos viram o diretor parado ali perto. - Sabe, aquele pregador de Kiev treinou o velho Maksim durante anos. Nickolai Panchuck recusava-se a trabalhar no sétimo dia de cada semana e estragou o boi com esse negócio. Arruinou-o e ele nunca mais será o mesmo! - O diretor olhou em redor para os outros homens e de novo para o prisioneiro novo - Não tenho dúvida nenhuma. Aquele pregador tornou o boi um guardador do sábado.


E tornou mesmo. Mas não tinha sido obra de Nickolai. Nickolai correra lado a lado com Maksim durante todos aqueles anos para transportar água que fosse suficiente para o sábado. E sempre fora necessária uma sexta-feira de maratona para completar o serviço a cada semana.
O crédito por um fenómeno desses era todo de Deus e Nickolai dizia isso a todos os que quisessem saber a verdade.
Mesmo depois de Nickolai ter saído do campo de prisioneiros para a sua família, a influência da sua vida correta, prosseguiu pelo testemunho de um boi. Maksim continuou fiel aos seus deveres, pronto a ser usado pelo Criador como testemunha em favor do sábado.