quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O Boi que Guardava o Sábado (2ª parte)



Na sexta-feira, Nickolai desanimado porque não iria conseguir cumprir com o seu objetivo - já que não conseguira mais do que quatro barris extras, quando seriam necessários dez e sabia que o boi não iria compensar naquele dia - porque não tinha conhecimento de que se o fizesse poderia também ele descansar um dia, decidiu entregar nas mãos de Deus o seu destino e deslocou-se para o estábulo para ir buscar o boi e a carroça.

Quando lá chegou o boi, que se chamava Maksim, dava sinais de inquietação, Nickolai achou que seria por estar cansado ou aborrecido por mais uma vez ter que começar a trabalhar antes dos demais, mas quando lhe pôs o jugo e o ligou à carroça, o boi saiu de imediato e começou o seu caminho para fora do campo e na direção da nascente, sem esperar sequer que Nickolai o acompanhasse e este viu-se obrigado a correr para o alcançar e o acompanhar na viagem.

Não soube o que pensar, só pensou em agradecer a Deus por aquela ação, mesmo que ela não lhe garantisse a água necessária, mas pelo menos, percebeu que o seu Deus não o abandonara por completo.
Maksim não voltou a parar no caminho, bebia água na nascente enquanto Nickolai enchia os barris e mal sentia o peso dos barris cheios e atados, desatava a correr de volta para o campo, onde chegava numa inquietação tal que só parava depois de liberto do peso e preparado com novos barris vazios para a segunda volta.
Isto repetiu-se a manhã toda e ao meio dia quando voltavam ao campo, Nickolai deu-se conta de que conseguira numa manhã, a água do dia todo. Com apenas mais mais duas viagens, o normal num dia normal, teria alcançado parte da água necessária para um dia. Não era o objetivo, não lhe salvaria a pele no dia de Sábado, mas animou-o a continuar, mas o boi não quis esperar pelo almoço e sem tempo para comer Nickolai teve que o seguir de novo a correr, pois Maksim já se pusera a caminho.

Todos no campo, começaram a aperceber-se das corridas e divertidos esperavam vê-los chegar em corrida, o que aconteceu cinco vezes naquela tarde.
A guarda do Sábado estava garantida e Nickolai mimou o boi com ração extra e algumas gulodices naquela noite e agradeceu a Deus a Sua providência.

Quando chegou o Domingo, cheio de expetativa Nicholai foi atrelar Maksim, mas este manteve durante todo o dia o seu caminhar lento, calmo e as paragens habituais e Nickolai desesperou - afinal a atuação da passada sexta-feira fora apenas e talvez devida a um acaso - um besouro que lhe picara na orelha, alguma febre que lhe dera, qualquer coisa que o fizera andar a correr e agora não existia mais.

Fez o seu horário normal, mesmo levantando-se antes dos outros e terminando depois, nunca conseguiu que Maksim fizesse mais que cinco viagens por dia e decidiu aceitar o seu destino. Na sexta-feira não quis sequer levantar-se mais cedo e mesmo quando começou a haver o rebuliço da matina no campo, ainda estava deitado - cansado, desesperado e decidido a acatar o seu castigo do dia seguinte.
Se Deus queria que ele passasse os Sábados enclausurado, passaria.
Entendia que se achara presunçoso em conseguir trabalhar mais que os outros e que não entregara o assunto nas mãos de Deus. Mas estava triste. Afinal aquilo tudo era para honrar a vontade do Deus que amava e Ele não estava a ajudá-lo.

O melhor fica para o fim e voltarei ao relato no próximo post.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

O Boi que Guardava o Sábado (1ª parte)



Nicholai Panchuk era pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Kiev. Responsável por várias igrejas e grupos, foi preso pelo KGB que exigiu que ele denunciasse a localização dessas igrejas e os locais de culto dos vários grupos. Se essa denuncia fosse levada a cabo, os seus membros seriam caçados e sujeitos ás mesmas atrocidades que Nicholai estava a experimentar desde que fora preso.

Negando-se a fazer a denuncia, explicando que as pessoas confiavam nele e dependiam dele e de forma nenhuma as iria trair, foi condenado à detenção num campo de prisioneiros na Sibéria.

Numa viagem de comboio de mais de dez dias, tentava imaginar o que lhe reservaria o futuro, mas nunca lhe pareceu muito brilhante e cada vez que orava, entregava tudo nas mãos do seu Criador, imaginando que morreria cedo e em horríveis condições.

A vida no campo, começava mal amanhecia e isso acontecia antes das cinco da manhã (no verão) e terminava mal o sol se punha, muito perto das onze da noite. Não havia muros, nem grades, nem guardas armados e Nicholai imaginou porque seria - quem se atreveria a fugir dali? Para onde iria e como conseguiria sobreviver ao isolamento, à falta de mantimentos e à distância de centenas de quilómetros até à povoação mais perto, sempre correndo o risco de ser atacado por lobos siberianos.

A primeira sexta-feira chegou, sem percalços e quando anoiteceu Nicholai experimentou a primeira angustia física e psicológica, a sério. Como iria, prisioneiro num campo daqueles, guardar o Sábado - se a sua religião o proibia de trabalhar ao Sábado e ali, não havia lugar a folgas ou dias santos?
Depois da formatura matinal e diária, em vez de se deslocar para o seu local de trabalho habitual, voltou à caserna e decidiu de joelhos, entregar o dia em oração, nem mesmo saindo para comer.

No final do dia, deram por falta dele e começou o inicio de dois anos de constantes torturas.

Era encerrado numa caixa de madeira, no estábulo, onde ficava sentado sem se poder mexer, durante 10 dias. Na primeira vez não teve direito a nenhum tipo de alimento ou água e nas outras vezes, recebia água uma vez por dia e pão escuro na mesma altura. A sua única companhia era o boi que servia para transportar a água para o campo desde uma nascente, todos os dias da semana e à noite recolhia ao estábulo para descansar. Nickolai perguntou várias vezes se era este a forma que o seu Deus lhe dera para que ele guardasse o Sábado.

Com a visita de um oficial ao campo, que ficou chocado com aquela tortura, Nickolai foi libertado dela e após dois anos e conseguiu finalmente dizer que não queria deixar de trabalhar, até não se importava de trabalhar mais horas diárias que os outros, só queria descansar no dia de Sábado, porque queria fazer a vontade de Deus.
Escutando e quase divertido, o oficial fez um acordo com Nickolai. Passaria a trabalhar no transporte da água - única tarefa no campo que poderia parar um dia, se nos outros dias conseguisse transportar água suficiente para colmatar a paragem.
Em cada dia o boi fazia cinco viagens à nascente, de onde trazia no final do dia dez barris de água, para o dia seguinte. Se Nickolai conseguisse durante a semana fazer uma viagem a mais por dia, garantiria a água do dia de Sábado.
Mas para isso teria que fazer viagens rápidas e ao fim do primeiro dia percebeu que o boi não estava para isso. Mantinha o seu andar calmo e lento, parando onde lhe apetecia para comer capim e Nickolai entrou em desespero. 
Nunca iria conseguir a água necessária para o dia de Sábado. Tinha que obrigar o boi a fazer a sua vontade e não a dele. Tinha que arranjar forma de obrigar o boi a andar mais depressa, nem que para isso tivesse que o impedir de parar para comer no caminho.  Nesta altura, viu-se no papel do diretor que queria que ele Nickolai fizesse a sua vontade e não a própria e orou em desespero, pedindo perdão pelo exagero e por ter achado que tinha condições para cumprir com a promessa feita ao oficial e pedindo forças para aguentar a próxima sessão de tortura que começaria mal chegasse o próximo sábado.

Devido ao longo da coisa, continuará no próximo post.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O Boi que Guardava o Sábado


Confesso que à primeira vista, não me seduziu este título.
Primeiro porque achei que era um livro para crianças e depois porque achei o título ridículo, se não fosse para crianças.

No rol de livros emprestados, havia este, mas como estava emprestado à minha mãe, não me preocupei por não o levar comigo. Quando li um comentário sobre ele no Instagram, pensei que se calhar era melhor ler. Trouxe-o comigo no Sábado, comecei a ler ao serão, li na tarde de Domingo e terminei no serão de Domingo.

Adorei. Independente das crenças de cada um, é um livro que contém três testemunhos vividos pelos seus personagens e as histórias são deliciosas. É constituído por três histórias, passadas em zonas da União Soviética.

Antes de dar inicio ao livro propriamente dito, gostaria de assinalar, para quem não sabe ou não se lembra, que a "Perseguição aos Cristãos na União Soviética ocorreu ao longo da história da União Soviética (1922-1991). As autoridades soviéticas suprimiram e perseguiram, em diferentes graus, várias formas de cristianismo, dependendo do período particular. A política marxista-leninista soviética defendia consistentemente o controle, supressão e a eliminação de crenças religiosas, e encorajou ativamente o ateísmo durante a existência da União Soviética.
O estado estava comprometido com a destruição da religião e demoliu igrejasmesquitas e sinagogas, ridicularizou, perseguiu, encarcerou e executou líderes religiosos, inundou as escolas e meios de comunicação com ensinamentos ateus, e geralmente promovia o ateísmo como uma verdade que deveria ser socialmente aceita. O número total de cristãos vítimas de políticas atéias do estado soviético foi estimado na faixa entre 12-20 milhões."
O texto em itálico foi transcrito da Wikipédia, apenas para vos direccionar à época em que os testemunhos descritos neste livro, tiveram parte.


Este livro descreve a fidelidade de cristãos durante tempos de perseguição e a incrível participação de animais que foram usados por Deus para ajudá-los. Em condições desafiadoras, cada uma dessas testemunhas colocou sua confiança em Deus e demonstrou um apego inquebrantável à fé, sem levar em consideração o custo.

Se nós achamos que somos bons cristãos, cumpridores e certinhos, fiéis na nossa fé, imaginemo-nos na pele dos personagens destes testemunhos e pensemos - honestamente - se conseguiriamos continuar a ser bons cristão, cumpridores, certinhos e fiéis quando a nossa vida ou a nossa integridade fisica estão em risco.
Sob as mais severas condições, desde um campo de prisioneiros na Sibéria, onde as condições de vida mesmo sem outro tipo de tortura são atrozes, a uma prisão em que não se sabe se e como se sairá de lá, estes testemunhos de fé inabalável, servem para nós fazermos um auto exame e tentarmos descobrir até onde iríamos para manter e testemunhar da nossa fé - seja qual for a religião em causa, porque todas sofrem contrariedades e ataques de outras partes.

Não devemos fazê-lo, mas no próximo post - para não alongar este demasiado - vou ser spoiler, pois sei que a maior parte de vocês não irá ler este livro, por várias razões - e espero vir a estar enganada - e vou resumir a primeira história que dá o título ao livro, já que o livro é constituído por três histórias.




Leituras de férias

Como já tinha dito consegui (quase) por a leitura em dia


O primeiro grupo de livros, é sobre doutrina bíblica. Os aspetos que por vezes deixamos passar ao lado, mas que através da bíblia podemos perceber como se encaixam na história da humanidade e a razão porque estão lá, aceites por uns, desvirtuados por outros.

O segundo grupo constituído pelos dois últimos livros, são livros de auto-ajuda, baseados nas verdades bíblicas que nos podem servir para nos ajudar, desde que dediquemos algum tempo a tentar compreendê-las e a aceitá-las como ferramentas para o nosso bem estar.
Auto ajuda, nunca foi o meu tipo de leitura prioritário, mas estavam no grupo dos livros a ler que me foram emprestados e de forma nenhuma queria desfeitear quem os emprestou.




Daniel verso por verso - Henry Feyerabend
Daniel nunca perde a atualidade. Ainda é referência de regime alimentar e estilo de vida. O livro transcende sua época com revelações surpreendentes sobre o futuro da humanidade. Lendo Daniel, obtém-se ampla visão das profecias bíblicas e superdose de confiança em Deus. Conheça a dieta de Daniel e seus companheiros, o destino de Israel, a magnífica Babilônia, o papel do anticristo na História, a vinda do Messias, o que é fim do mundo, o julgamento dos homens, a saída para liberdade e vitória, e muito mais.


Apocalipse verso por verso - Henry Feyerabend
O Apocalipse tem fama de ser um livro misterioso. Mas, com as chaves certas, é possível decifrar seus símbolos e apreciar sua mensagem. Com a ajuda deste comentário, você ganhará uma nova visão sobre: As filhas da Babilónia mística, os 144 mil, os quatro cavaleiros misteriosos, o monstro que surge do abismo, o significado da Revolução Francesa, o papel dos Estados Unidos na profecia, o número 666 e muito mais.



Guia de sobrevivência para os tempos do fim- John C.Brunt
“Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em Meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim” (Mt 24:4-6).
SALVO NOS BRAÇOS DE UM DEUS DE AMOR
O aviso de Jesus tem ecoado por todas as eras. Enganos, guerras, pragas, pestilências, perseguições – tudo isso compõe o cenário dos últimos tempos. A cada dia, testemunhamos mais e mais evidências de que o fim está próximo. Mas quanto tempo o mundo ainda durará? Quais serão os eventos-chave que darão forma ao fim da história da Terra? Será possível sobreviver? Encontre as respostas que você tem procurado neste estudo baseado na Bíblia, que revela verdades sólidas sobre o tempo do fim. Nesta jornada, você descobrirá que não é o que você conhece, mas quem você conhece, que o ajudará a sobreviver ao Armagedom e até mesmo almejá-lo.
John C. Brunt tem sido pastor, professor e escritor por muitos anos. Seu desejo é partilhar as verdades acerca dos últimos dias afim de dar esperança àqueles cujo coração está cheio de medo e incerteza.



Tantas religiões, porquê? Se a bíblia conta a verdade... - Henry Feyerabend
A história da igreja cristã à luz da bíblia.
Como após o inicio do cristianismo segundo os ensinos de Jesus Cristo e durante anos transmitidos pelos seus apóstolos a todos os povos, línguas e nações, esses ensinos começaram a ser desvirtuados e a ser substituídos por ensinos dos homens, preparados e criados pelos homens, para darem autoridade a quem não a tinha e justificar atos que não eram corretos.



O Sábado na Bíblia - Alberto R.Timm
Neste livro, o autor destaca a atualidade do sábado e mostra que o dia bíblico de adoração é mais do que um simples feriado semanal. É um canal das bênçãos divinas e um sinal de lealdade ao Criador. Por isso, precisa ser redescoberto no mundo contemporâneo. Ao fim da leitura, você concluirá que Deus realmente instituiu o sábado para benefício de toda a humanidade, em todos os tempos e lugares. E sentirá o desejo de entrar nesse magnífico santuário de Deus no tempo.





Ira sob controle - Larry Yeagley
As histórias são diferentes, mas o estado emocional é o mesmo: ira. Às vezes, as pessoas se sentem tão transtornadas que nem se lembram da sensação de estar em paz. Mas existe esperança além da ira. Descubra como romper o hábito da ira e experimente a transformação radical que se origina em dar e receber perdão. Comece do princípio e aprenda a controlar a ira, a desevencilhar-se do rancor e a sentir-se livre.



Eu perdoo, mas... porque é tão dificil? - Lourdes E.Morales
Você menciona uma ofensa a um amigo, lembra-se como o incidente afetou sua vida e, depois, sente-se culpado. Por que? Porque você é um cristão. Os cristãos devem perdoar e esquecer, certo? Este livro é para as pessoas que creem que perdoar é importante, mas que não podem entender o que realmente é o perdão. Ele é para aqueles que sentem uma dor profunda e não sabem como enfrentá-la. Abra as portas para a renovação interior e a reconciliação.

Não vou fazer mais nenhum resumo do que está sob cada um dos livros, nem vou dar a minha opinião livro a livro.
Em especial do primeiro grupo de livros, são livros que provavelmente farão mais sentido para  quem acredita nas verdades bíblicas, para quem gosta de ler a bíblia até só por ler, ou até para quem se interessa por história. Mas estão lá explicações que todos deveriam conhecer.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Mala em tecido plastificado

Parecia, mas não, não abandonei o blogue.
Apenas estive demasiado ocupada para conseguir aqui vir, mesmo que fosse apenas para visitar outros.

Agora, a coisa acalmou e também estive de férias que apesar deste calor todo e de umas visitas à praia, deram para por umas coisitas em dia. Leitura e trabalhos manuais. O que foi muito bom!

Vamos primeiro aos trabalhos manuais:

Há uns dois meses atrás comprei material para meter mãos à obra. No mesmo dia cortei moldes e deixei tudo à espera...




Durante as férias, alinhavei unindo o tecido plastificado do exterior com o miolo. Convém antes de finalizar, ou vai cada coisa para seu lado. Calculava que escorregava, mas só confirmei essa desconfiança, quando numa das vezes estava tudo em andamento e me dei conta de alguma coisa estava torta. Mas adiante...

Depois de alinhavar exterior e miolo, coser forro, montar o exterior todo, unir o forro, virar e endireitar, saiu isto...






Porque tenho a máquina de costura à espera de ir ao médico (ainda - por preguiça mesmo) cosi tudo à mão. Não é nada de extraordinário até porque todos os tecidos usados na confeção são macios, mas em vez de demorar duas ou três horas a fazer tudo, demorei quase dois dias... com intervalos, claro.
Esqueci de fotografar a parte de trás (onde está um bolso com fecho) e as laterais (onde estão as peças que seguram as asas. São iguais às peças da frente, mas estão dobradas, para sustentar a argola de onde sai a asa.

Não é a coisa mais magnifica, nem de outro mundo, mas gostei muito do resultado final. É muito leve e com as dimensões de 30cm de frente x 25cm de altura x 13 cm de largo, cabe lá tudo que eu costumo carregar na mala e mais. E além disso, não têm noção de quão leve é!!

Só há um pormenor que na altura não pode ser resolvido - oportunamente trocarei a asa por uma em castanho. Ficará melhor!