sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Restauro da BÍblia

Em vez de usar a preposição "de" como costumo fazer neste tipo de título optei por a contrair com o artigo "a" porque esta Bíblia que foi restaurada é A minha bíblia!

Não é a minha primeira, não é a única e não será a última, mas tenho uma grande estima por ela. Tenho esta bíblia desde 2013, com muito uso, pois é a minha bíblia de estudo do dia a dia, onde anoto e marco os assuntos e por esse uso continuado, a capa não se aguentou e começou a desfazer.




Durante os últimos dois anos, mantive-a tal como estava, protegida por capas várias amovíveis, em EVA e tecido porque a estrutura estava tão boa que me custava ir separar a capa do miolo para fazer uma nova.
Este ano estando na hora de trocar de capa, enquanto tentava deciddir que capa seria desta vez,alguém me deu a ideia de, para não desmontar a bíblia, e não ter de a andar a mudar de capa tanta vez, colar uma capa personalizada sobre a sua capa de origem.
Pensei no assunto e escolhi o motivo da capa que vi por essa internet há algum tempo. Preparei as medidas, preparei a capa e quando a tinha cortada e montada, fiquei com receio de que todo o trabalho tido com essa "construção" fosse perdido quando a colasse na capa original que era flexível e começasse a arrebitar nas pontas.
Foi nessa altura que fiz o que devia ter feito há muito tempo.

E custou-me bastante fazê-lo. Separei a capa do miolo.

Cortei uma capa à medida, em cartão, forrei com a imagem escolhida e eis aqui o resultado final.




Passou de bíblia com capa flexível a bíblia com capa rígida que era o que eu não queria que acontecesse, mas aconteceu e estou a gostar.


"Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raíz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos".
Apocalipse 5:5


sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Restauro de bíblia

 Já há algum tempo que não restaurava uma bíblia. Já tinha esta comigo há quase dois anos, mas com a pandemia e afins foi atrasando e saiu este ano.

Esqueci de fotografar o antes, por isso ficamos apenas com o depois.

A dona queria a capa em tecido e com cores fortes. Foi amor à primeira vista e assim que este surgiu não foi preciso escolher mais.


Tentei que as fitas combinassem com o padrão e cores, mas que uma delas, pelo menos, aligeirasse os tons.


Gostei tanto do padrão que o fotografei para criar papel estampado e fazer uns acessórios.
Um bloco de notas e um marcador.






quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Porque Deus não atende minha oração?

 

Sejamos crentes em cada poro do nosso corpo ou crentes apenas de nome, muitos de nós já nos perguntámos alguma vez porque é que Deus não responde às nossas orações.

Vi este artigo no blogue MEGAPHONE e achei que seria interessante partilhar.


Por que Deus não responde à oração é uma questão tão antiga quanto o princípio do mal. Quando o pecado surgiu, ele nos separou da presença de Deus e consequentemente das respostas diretas de Deus. Desde Abel que morreu provavelmente perguntando “Por quê Senhor?" ou mesmo Moisés que pediu para entrar na terra prometida e o pedido lhe foi negado. Davi passou uma semana orando por seu filho recém-nascido que veio a morrer. Santo Agostinho pedia em oração, quando criança, que os professores não lhe batessem, mas continuava apanhando na escola.

E você? Você acreditou. Teve fé. Concentrou todo o poder de seu pensamento positivo (como se houvesse algo de sobrenatural nele). Acima de tudo, você orou para que o mais desejado pedido do seu coração fosse satisfeito. Resultado: nada. Deus não “moveu um dedo” para concretizar seu sonho. A frustração parece ser maior quando você escuta relatos incríveis de respostas à oração. A pergunta que fica é: “Será que isso só acontece com os outros?”

Se você pensa assim, a Bíblia tem resposta para esse dilema. Mesmo sabendo que Jesus garantiu “peçam, e lhes será dado” (Mt 7:7), devemos entender que há situações em que Deus não atua, para nosso bem e do Universo que Ele governa. Deus tem condições para atender nossas orações. E os critérios dele são mais justos do que os nossos. Conheça alguns deles: 

(1) Pedir especificamente. Não faça uma oração genérica do tipo “abençoa minha vida, amém!”, mas seja específico em seus pedidos (Tg 4:2). Ellen G. White diz: "Vossas petições não devem ser débeis, ocasionais e apressadas, mas fervorosas, perseverantes e constantes. Que vosso coração se eleve de contínuo, em silêncio, pedindo auxílio, luz, força, conhecimento. Que cada respiração seja uma oração" (A Ciência do Bom Viver, p. 510);

(2) Orar com frequência (Lc 18:1-7). Tem gente que fala com Deus como se estivesse solicitando um serviço de delivery. Só que o Pai deseja passar tempo de qualidade em conversas descontraídas e amigáveis com seus filhos. Quem costuma ouvir a voz de Deus, sabe melhor o que pedir. Ellen White afirma: "A perseverança na oração é também uma condição para ser ela atendida. Devemos orar sempre, se quisermos crescer na fé e experiência” (Caminho a Cristo, p. 97); 

(3) Pedir certo (Tg 4:3; 1Jo 5:14). Deus não atende orações que contrariam seus propósitos de amor para o ser humano, como os pedidos egoístas. Talvez Ele não lhe dê um dia de sol para ir à praia, porque precisa mandar chuva para o agricultor que depende da colheita. Porém, se pedir aquilo que Ele já prometeu, o “sim” é garantido (2Co 1:20). Por isso, conheça e reivindique as promessas bíblicas, entre em sintonia com a vontade de Deus (Pv 28:9), e peça, sobretudo, a orientação e a transformação que vem por meio do Espírito (Lc 11:13). Ellen White adverte: "Somos tão falíveis e curtos de vistas que às vezes pedimos coisas que não nos seriam uma benção, e nosso Pai Celestial amorosamente nos atende às orações dando-nos aquilo que é para o nosso maior bem – aquilo que nós mesmos desejaríamos se com vistas divinamente iluminada, pudéssemos ver todas as coisas tais como elas são na realidade" (Caminho a Cristo, p. 96).

Ellen White conclui: "Quando nossas orações ficam aparentemente indeferidas, devemos apegar-nos à promessa; pois virá por certo a ocasião de serem atendidas, e receberemos a bênção de que mais carecemos. Mas pretender que a oração seja sempre atendida exatamente do modo e no sentido particular que desejamos, é presunção. Deus é muito sábio para errar, e bom demais para reter qualquer benefício dos que andam sinceramente. Não receeis, pois, confiar nEle, ainda que não vejais a resposta imediata às vossas orações. Apoiai-vos em Sua segura promessa: 'Pedi, e dar-se-vos-á' (Mateus 7:7)".

Não sei lhe dizer por que Deus não responde às vezes a oração, mas sei, por experiência própria, que quando isso acontece Ele continua me amando. Quais são suas dúvidas e lágrimas, perguntas e questionamentos? Ouça Deus lhe dizendo hoje: Vinde e arrazoemos, vamos conversar, questione, duvide, mas não se afaste de mim. Não desista e permaneça firme até o dia em que Ele responderá todas as dúvidas e enxugará todas as lágrimas.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Junk Journal II

Um diário da tralha, traduzido à letra, é um livro ou caderno montado com todos os materiais que se queiram usar, com o intuito de servir para arquivar "memórias" em forma de fotos, desenhos, cartões, postais, cartas, envelopes, bilhetes, etc, que se podem guardar colando, pintando, cosendo ou metendo em envelopes e recortes.

Não exigem que as folhas sejam todas do mesmo material ou do mesmo tamanho, nem do mesmo feitio e a ideia é usar o que houver à mão.

Podem ser montados colados, cosidos ou apenas atados à capa que vai guardar as folhas a usar, ou utilizar um dossier de argolas já existente para esse fim. O seu embelezamento fica por conta da nossa imaginação e do nosso gosto.

Lembro que um junk journal (diário da tralha) também se pode chamar de scrap journal (diário de recortes ou retalhos) e de smash journal (diário onde se atafulha).

Há sete anos fiz um.



Foi um trabalho básico. Forrei duas placas de cartão que uni com duas argolas soltas e fui arquivando o que andava espalhado por gavetas (postais, desenhos dos filhos quando crianças, etc). Não foi nada de especial, mas gosto muito de ter tudo arrumadinho num sitio e que esse sitio seja um livro.

E agora chegou a altura de pegar em tudo o que de papel anda espalhado lá por casa, de novo, e meter mãos à obra. E ideias e tutoriais para trabalhos mais complexos e mais interessantes não faltam.
O próximo projeto será algo como isto 


E a razão desta publicação que na realidade não tem nada de novo, é que está aproximar-se o período das férias e já que este ano não vou pintar armários de cozinha, tenho de fazer qualquer coisa de arte. E existe melhor arte que a que envolve livros?











sexta-feira, 24 de junho de 2022

Fanny Owen

 


Fanny Owen é a história de um amor proibido entre José Augusto, jovem rico herdeiro das vinhas do Douro e amigo de Camilo Castelo Branco (que é também um dos personagens centrais deste livro) e Fanny Owen, filha do General Owen, um dos conselheiros do Rei, por quem Camilo tem também uma profunda paixão. Tudo isto na sociedade burguesa oitocentista portuense, com algumas viagens regulares ao Douro vinhateiro e ao Minho.

Poderemos considerar este romance como um "romance de personagem", o seu nome assim nos leva a essa conclusão, mas, no entanto, os personagens mais presentes, do início ao fim, são José Augusto e Camilo Castelo Branco. Fanny é a razão para o nome e para toda a situação que este romance narra, mas quanto a mim, não é o assunto principal do romance.

Também podemos considerar este, como um romance de espaço. Está dividido em três partes, devido aos locais onde a ação se passa e cada um deles a par da descrição feita pela autora, é-nos descrito sob o ponto de vista de Camilo, quando está presente.

Considerado a história de um triangulo amoroso, pelo relacionamento e a paixão de Camilo por Fanny no momento em que José Augusto decide (ou é levado a decidir) que a ama e a quer, se o fosse, rompeu-se esse triângulo quando Camilo diz a José Augusto que deixou de amar Fanny e lhe pede que ele se afaste dela, porque a vai destruir.

Este romance é uma narrativa da vida social da burguesia, nos finais do séc. XIX que nos conta os amores infelizes (ou funestos) das três personagens: José Augusto que se volta para Fanny porque a entrega e admiração de Maria por si o enfadava e retirava a vontade de a amar; Fanny que cansada da vida na casa paterna e desejosa de amar convence José Augusto a raptá-la para escapar; e Camilo que confessa que a amou a dada altura mas que o amor deles não passou de um "amor epistolar", em cartas que entrega a José Augusto no dia do casamento deste com Fanny.

Por isso, ou porque de facto o amor nunca existiu entre os dois, a vida do casal vai ser dor e desencanto apesar da obsessão de um pelo outro, nem que fosse pelo simples facto de existirem e estarem juntos.

No entanto, e aqui a minha singela opinião que como todas as opiniões pessoais, vale o que vale, este é um romance que versa sobretudo sobre o relacionamento de dois homens completamente diferentes um do outro e que a vida se encarrega de por frente a frente e sujeitá-los aos seus constrangimentos.

José Augusto é um pseudo poeta, fidalgo, com uma forma de estar que não é recomendável desafiar, pelo seu feitio sisudo e pouco dado a manifestações de simples alegria. Camilo por sua vez é um verdadeiro poeta, com uma história familiar muito própria e algo devassa. Os encontros entre os dois nem sempre terminam da melhor maneira, no entanto, acabam sempre por se reencontrar e desejarem redimir-se dos males que se tenham causado. A tal ponto, o relacionamento é importante para eles que mesmo quando Fanny pede a José Augusto que se afaste de Camilo porque a relação entre os dois, alimenta uma prossível traição de José Augusto com uma amiga dos dois homens, José Augusto não o faz.

Não é um relacionamento de amor eros que os une, mas um amor agape ou phillia, alimentado pelas diferenças entre os dois, como se só com esse relacionamento se completassem. Como se a falta de um provocasse no outro a falta de algo maior.

A narrativa de Agustina Bessa-Luís é detalhada e demorada e faz-nos perder nos meandros dos espaços e da ação, com a demora que pode em alguns casos aborrecer um leitor que espere ação no verdadeiro sentido da palavra. É para ler sem pressa e deixar que o ambiente e a realidade oitocentistas nos envolvam. A última parte, as cenas entre José Augusto e Fanny são sobremaneira demoradas e como se repetidas, mas ajudam-nos a entender o sentimento de cada um deles. Percebemos que amam sem se amarem um ao outro e que a rutura provocada com a morte de Fanny, é ainda assim fatal para José Augusto. É Camilo quem nos conta pelas palavras da autora.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Segredo Mortal

Nota 1: Poderia não fazer esta publicação, dado o panorama de guerra em que vivemos, como se fosse aqui à porta, porque a guerra seja onde for toca todos onde quer que estejam. Mas também resolvi que o faria porque felizmente (para alguns) o mundo com as suas rotinas continua.



Sinopse

UM PROJETO SECRETO. UM ASSASSINO CONTRATADO. UM HOMEM ACUSADO DE CRIMES QUE NÃO COMETEU.

Na véspera de Natal, cheias massivas submergem o centro de Lisboa, causando danos incalculáveis e centenas de mortes. Designada por Desastre de Lisboa, a catástrofe é atribuída ao aquecimento global. Mas terá resultado realmente das alterações climáticas?

Um cenário aterrador é descoberto numa praia. Chamados a intervir, Leonardo Rosa e Marta Mateus, inspetores da Polícia Judiciária, deparam-se com a mais tortuosa perversidade: Um puzzle humano.

Iniciando uma caça ao homem, descobrem o perfil de um assassino, perigoso e inteligente, que desafia as capacidades dos inspetores. Assombrado pelos seus próprios fantasmas, Leonardo Rosa terá de ultrapassar barreiras para conseguir chegar à verdade: A descoberta de um segredo incrível.

Entretanto, um jovem recém-licenciado é acusado de dois crimes que ele jura não ter cometido. Encurralado, decide fugir e provar a sua inocência, mas logo se envolve numa teia de acontecimentos que o leva a uma conclusão terrível: Matar é a única forma de sobreviver.

Em busca de justiça e da verdade, vários acontecimentos sangrentos levam os inspetores e o jovem a embrenharem-se na maior conspiração de todas. Conseguirão sair dela vivos?

Sobre o autor posso dizer que o conheci há 7 anos. Ou melhor, que o li pela primeira vez há 7 anos, no seu livro "Contagem Decrescente" e que a publicação de mais este livro "Segredo Mortal" é a confirmação de que temos bons autores, na maior parte das vezes desconhecidos do público que por "comodismo" ou "segurança" não se "atrevem" a conhecer o que é novo. E ao fazê-lo abdicam do que há de novo no mundo da narrativa de ficção.

Desde aquela leitura, tenho seguido o autor através do seu instagram e blogue e foi com muito gosto que tive acesso a este livro e que confirmei o que já sabia. Vale a pena ler Bruno Franco.

Agora passemos à "crítica" propriamente dita que é para isso que decidi fazer esta publicação.

Se ficção policial não fosse da minha preferência poderia muito passar a ser depois de ler este livro. A ação não pára em momento nenhum do livro, nem mesmo quando as cenas são descritas com tais detalhes que poderíamos correr o risco de esquecer o que nos fez chegar ali. Mas não esquecemos, porque a riqueza desse mesmo detalhe, presente em quase toda a narrativa, nos mantém alerta e na expetativa.

Como pseudo-escritora que me considero, é sempre um desafio ler um autor que pela forma despreconceituosa e natural com que se apresenta a nós (leitores, seguidores, o que queiram chamar) através das suas redes sociais, nos transmite a sensação de que o conhecemos pessoalmente e nos sentimos à vontade para dizer em voz alta o que pensamos. E pensamos bem, mesmo que possamos apontar uma ou outra situação que não foi exatamente ao encontro da nossa maneira de escrever, porque é por isso mesmo que o mundo é diversidade e cada escritor tem a sua própria maneira de escrever e de contar as coisas.

Eu não usaria tanto detalhe em algumas situações narradas, mas como já disse, são os detalhes que enriquecem cada uma e nos prendem. É por isso que uns têm livros editados e outros nem por isso (brincadeira à parte). E só tive pena que um pequenino desses detalhes de que gostei muito de ler nas primeiras páginas não tivesse sido usado mais para a frente. Quando o autor diz que Leonardo Rosa (o inspector) guardou aquele momento ou aquele pensamento e o prendeu com um pionais no quadro da sua mente para usar mais tarde, é um facto que usou a lembrança desse pensamento, mas teria sido interessante que o autor se referisse a isso fazendo menção ao pionais e ao quadro onde tinha sido afixado. É uma irrelevância face ao todo, mas é uma irrelevância de que senti falta e gostaria de ter reencontrado.

Para terminar e para explicar o porquê da ação não parar um momento, não é só por o autor saber "fazer render" porque sabe, é que quando achamos que está tudo a ser explicado e concluído, Bruno Franco pega num "detalhezinho" que nos passou ao lado e que só damos conta da sua importância quando ele o usa como impulso para a continuação do enredo e não deixa a conclusão chegar, porque afinal há mais.

E isso é uma mais-valia para nós leitores, quando temos um livro de quase 500 páginas e não queremos "palha" mas narrativa e ação a sério. E Bruno Franco dá-nos isso mesmo da primeira à ultima página e de tal maneira que o fim não é realmente o fim, e isso nos irrita, mas também desafia e nos faz aguardar com expetativa o próximo livro.

Por tudo o que aqui partilhei e pelo que não partilhei reforço: leiam Bruno Franco.

Nota 2: Face ao panorama de guerra, conforme nota inicial desta publicação e depois de ler este livro, quero deixar duas perguntas:

- Em que difere un Putin ditador, autoritário, desejoso de poder e sem respeito pelos direitos humanos que sob a propaganda mentirosa de defesa do seu país ataca outro, de um psicopata que sob a justificação de trabalho encomendado tem prazer em mutilar e esquartejar gente que nunca conheceu?

- Como pode o Homem desejar contribuir conscientemente para o aumento do mal neste mundo, se o mal nos espreita a cada passo que damos, sem necessidade da nossa colaboração?


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

RÚSSIA, UCRÂNIA E A CONTENÇÃO DIVINA

 Esta publicação não é de minha autoria. Pertence a MEGAPHONE ADV


Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev
Após dias de escalada de tensão e ameaças, a Rússia de Vladimir Putin atacou a Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira (24).

Pouco depois de Putin ter autorizado, em pronunciamento pela TV, uma operação militar nas regiões separatistas do leste da Ucrânia, explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades do país, segundo relatos de repórteres da CNN. A Ucrânia informou que pelo menos 50 pessoas morreram.

Em seu pronunciamento, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Kiev tem congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. ONU pede que Putin recue, e o presidente americano Joe Biden diz que a Rússia escolheu uma guerra de perdas catastróficas. E o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em pronunciamento que a Rússia pode iniciar "uma grande guerra na Europa" a qualquer momento, e pediu aos russos que se oponham ao conflito.

Contenção divina
Segundo as profecias, o destino da Terra não está sujeito à boa-vontade de líderes humanos. O Soberano do universo intervém para conduzir o mundo a um desfecho específico. Quando parece que os povos vão se destruir, Deus age para contê-los. No Apocalipse, isso é representado pela imagem de quatro anjos segurando os quatro ventos do céu (Apocalipse 7:1).

A chave para se compreender essa simbologia está no sexto selo (Apocalipse 6:12-17). Nessa seção, fala-se de eventos cataclísmicos, que culminam no recolhimento das nuvens e a fuga dos “reis da terra” e de “todo escravo e todo livre”, que se abrigam “nas cavernas e nos penhascos dos montes” (ou seja, refere-se aos “eventos finais que conduzirão para a segunda vinda de Cristo”).[1] Pedem que os montes e rochedos caiam sobre eles e os escondam “da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro”. E a seção termina com uma pergunta contundente: “chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?” (v. 17).

O capítulo 7, que constitui um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, parece responder à pergunta feita em 6:17. Nele, apresentam-se “quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7:1). Na Bíblia e no simbolismo apocalíptico, o número quatro representa as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), transmitindo a ideia de uma abrangência global, a totalidade do mundo (1Crônicas 9:24; Isaías 11:2; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6).

Os quatro anjos representam “os agentes divinos no mundo, retendo as foças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa”.[2] Assim como as casas dos israelitas foram marcadas com sangue para serem protegidas antes da última praga e do próprio êxodo, e algo semelhante tenha ocorrido no tempo do exílio (Ezequiel 9:1-11), no tempo do fim, o povo de Deus receberá um sinal distintivo para ser protegido contra as imensas destruições reservadas para os últimos momentos antes da volta de Jesus (Mateus 24:30, 31; 1Tessalonicenses 4:16-18).

Na Bíblia, Deus é o Senhor dos ventos (Amós 4:13). O Criador os utiliza para cumprir seus propósitos na Terra (Gênesis 8:1; Êxodo 10:13; 14:21). Ventos servem para destruir e proteger, trazer alimento (Números 11:31) ou a privação dele (Gênesis 41:6); nas mãos de Deus, o “vento abrasador” é um instrumento de juízo (Salmos 11:6; 48:7), como elemento desagregador (Salmos 18:42; 35:5). Na metáfora poética, Deus “cavalga um querubim”, voa “nas asas do vento” (Salmos 18:10; 104:3).

Porém, é nos textos dos Profetas que a imagem do vento assume um significado mais útil para a compreensão do símbolo apocalíptico. Vento se torna uma metáfora para a ação destruidora das nações que resulta na dispersão e no cativeiro (Jeremias 4:11-13; 18:17; 22:22; 49:32, 36; 51:1, 16; Ezequiel 5:2, 10; 13:11, 13; 17:21; Oseias 8:7; 12:1; 13:15; Hebreus 1:11). É tomado como símbolo apocalíptico em Daniel 7:1 a 8 e se apresenta com o mesmo significado no Apocalipse.

Na fase final da história humana, a Divindade atua para conter os impulsos violentos das nações. O livro de Daniel nos dá um vislumbre da ação dos mensageiros divinos junto aos governantes humanos – “o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10:13). Os quatro anjos simbólicos de Apocalipse 7 representam a ação de anjos reais, sem desconsiderar a atividade imprescindível do Espírito Santo, simbolizada pelos “sete espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6; comparar com 1:4; 3:1; 4:5).

Consciência e ação
Para a escritora Ellen White, a mensagem apocalíptica dos quatro anjos segurando os quatro ventos tem implicações espirituais profundas quanto à consciência sobre o tempo em que vivemos, à condição espiritual de cada um e, especialmente, quanto à missão. Destaco a seguir algumas de suas mensagens sobre os quatro anjos e a contenção dos ventos:

1) “Os (…) ventos serão a incitação das nações para um combate fatal”, por parte de Satanás (Maranata, p. 173).

2) Apesar de a paz mundial se encontrar num estado de “incerteza”, com as nações “iradas” e fazendo “grandes preparativos de guerra”, “está ainda em vigor a ordem dada nos anjos, de segurarem os quatro ventos” (Maranata, p. 241).

3) Os acontecimentos são iminentes, apesar de ainda não ter chegado a hora da “batalha final” (Eventos Finais, p. 229).

4) Mesmo agora o “refreador Espírito de Deus está (…) sendo retirado do mundo. Furacões, tormentas, tempestades, incêndios e inundações, desastres em terra e mar, seguem-se um ao outro em rápida sequência” (Serviço Cristão, p. 52).

5) Tudo depende do fim da intercessão de Cristo no santuário celestial. Quando isso ocorrer, os anjos deixarão de segurar os ventos, e virão “as sete últimas pragas”, que são juízos divinos (Eventos Finais, p. 245).

6) Não há espaço para complacência. Devemos travar uma inevitável luta espiritual pela transformação do caráter (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 217).

7) Agora é o momento de alcançar o mundo com a mensagem para este tempo (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 374).

A paz entre as nações é apenas um verniz de civilidade e respeito mútuo. Se as paixões humanas pervertidas assumem o controle, toda a diplomacia desmorona. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3). Somente o Rei dos Reis pode impedir que nos destruamos uns aos outros. Ele refreia o ímpeto destrutivo das nações, para preservar a vida. Portanto, como Jesus disse, não precisamos viver “assustados”, pois as guerras são um dos sinais do fim, mas não o fim (Marcos 13:7).

De nossa parte, cabe orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:2). Precisamos ter consciência de que a paz e a liberdade religiosa são uma dádiva, a qual devemos ajudar a preservar, como os maiores pacifistas. O tempo de graça e liberdade que temos deve ser aproveitado ao máximo para salvar pessoas. Nos dias atuais, não podemos brincar de ser cristãos. Devemos levar a sério nossa identidade e missão.

Adaptação de texto de Diogo Cavalcanti (via Apocalipses)

Referências
[1] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2ª ed., 2009, p. 259.

[2] Francis Nichol (ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, 2014, p. 864.