segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Segredo Mortal

Nota 1: Poderia não fazer esta publicação, dado o panorama de guerra em que vivemos, como se fosse aqui à porta, porque a guerra seja onde for toca todos onde quer que estejam. Mas também resolvi que o faria porque felizmente (para alguns) o mundo com as suas rotinas continua.



Sinopse

UM PROJETO SECRETO. UM ASSASSINO CONTRATADO. UM HOMEM ACUSADO DE CRIMES QUE NÃO COMETEU.

Na véspera de Natal, cheias massivas submergem o centro de Lisboa, causando danos incalculáveis e centenas de mortes. Designada por Desastre de Lisboa, a catástrofe é atribuída ao aquecimento global. Mas terá resultado realmente das alterações climáticas?

Um cenário aterrador é descoberto numa praia. Chamados a intervir, Leonardo Rosa e Marta Mateus, inspetores da Polícia Judiciária, deparam-se com a mais tortuosa perversidade: Um puzzle humano.

Iniciando uma caça ao homem, descobrem o perfil de um assassino, perigoso e inteligente, que desafia as capacidades dos inspetores. Assombrado pelos seus próprios fantasmas, Leonardo Rosa terá de ultrapassar barreiras para conseguir chegar à verdade: A descoberta de um segredo incrível.

Entretanto, um jovem recém-licenciado é acusado de dois crimes que ele jura não ter cometido. Encurralado, decide fugir e provar a sua inocência, mas logo se envolve numa teia de acontecimentos que o leva a uma conclusão terrível: Matar é a única forma de sobreviver.

Em busca de justiça e da verdade, vários acontecimentos sangrentos levam os inspetores e o jovem a embrenharem-se na maior conspiração de todas. Conseguirão sair dela vivos?

Sobre o autor posso dizer que o conheci há 7 anos. Ou melhor, que o li pela primeira vez há 7 anos, no seu livro "Contagem Decrescente" e que a publicação de mais este livro "Segredo Mortal" é a confirmação de que temos bons autores, na maior parte das vezes desconhecidos do público que por "comodismo" ou "segurança" não se "atrevem" a conhecer o que é novo. E ao fazê-lo abdicam do que há de novo no mundo da narrativa de ficção.

Desde aquela leitura, tenho seguido o autor através do seu instagram e blogue e foi com muito gosto que tive acesso a este livro e que confirmei o que já sabia. Vale a pena ler Bruno Franco.

Agora passemos à "crítica" propriamente dita que é para isso que decidi fazer esta publicação.

Se ficção policial não fosse da minha preferência poderia muito passar a ser depois de ler este livro. A ação não pára em momento nenhum do livro, nem mesmo quando as cenas são descritas com tais detalhes que poderíamos correr o risco de esquecer o que nos fez chegar ali. Mas não esquecemos, porque a riqueza desse mesmo detalhe, presente em quase toda a narrativa, nos mantém alerta e na expetativa.

Como pseudo-escritora que me considero, é sempre um desafio ler um autor que pela forma despreconceituosa e natural com que se apresenta a nós (leitores, seguidores, o que queiram chamar) através das suas redes sociais, nos transmite a sensação de que o conhecemos pessoalmente e nos sentimos à vontade para dizer em voz alta o que pensamos. E pensamos bem, mesmo que possamos apontar uma ou outra situação que não foi exatamente ao encontro da nossa maneira de escrever, porque é por isso mesmo que o mundo é diversidade e cada escritor tem a sua própria maneira de escrever e de contar as coisas.

Eu não usaria tanto detalhe em algumas situações narradas, mas como já disse, são os detalhes que enriquecem cada uma e nos prendem. É por isso que uns têm livros editados e outros nem por isso (brincadeira à parte). E só tive pena que um pequenino desses detalhes de que gostei muito de ler nas primeiras páginas não tivesse sido usado mais para a frente. Quando o autor diz que Leonardo Rosa (o inspector) guardou aquele momento ou aquele pensamento e o prendeu com um pionais no quadro da sua mente para usar mais tarde, é um facto que usou a lembrança desse pensamento, mas teria sido interessante que o autor se referisse a isso fazendo menção ao pionais e ao quadro onde tinha sido afixado. É uma irrelevância face ao todo, mas é uma irrelevância de que senti falta e gostaria de ter reencontrado.

Para terminar e para explicar o porquê da ação não parar um momento, não é só por o autor saber "fazer render" porque sabe, é que quando achamos que está tudo a ser explicado e concluído, Bruno Franco pega num "detalhezinho" que nos passou ao lado e que só damos conta da sua importância quando ele o usa como impulso para a continuação do enredo e não deixa a conclusão chegar, porque afinal há mais.

E isso é uma mais-valia para nós leitores, quando temos um livro de quase 500 páginas e não queremos "palha" mas narrativa e ação a sério. E Bruno Franco dá-nos isso mesmo da primeira à ultima página e de tal maneira que o fim não é realmente o fim, e isso nos irrita, mas também desafia e nos faz aguardar com expetativa o próximo livro.

Por tudo o que aqui partilhei e pelo que não partilhei reforço: leiam Bruno Franco.

Nota 2: Face ao panorama de guerra, conforme nota inicial desta publicação e depois de ler este livro, quero deixar duas perguntas:

- Em que difere un Putin ditador, autoritário, desejoso de poder e sem respeito pelos direitos humanos que sob a propaganda mentirosa de defesa do seu país ataca outro, de um psicopata que sob a justificação de trabalho encomendado tem prazer em mutilar e esquartejar gente que nunca conheceu?

- Como pode o Homem desejar contribuir conscientemente para o aumento do mal neste mundo, se o mal nos espreita a cada passo que damos, sem necessidade da nossa colaboração?


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

RÚSSIA, UCRÂNIA E A CONTENÇÃO DIVINA

 Esta publicação não é de minha autoria. Pertence a MEGAPHONE ADV


Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev
Após dias de escalada de tensão e ameaças, a Rússia de Vladimir Putin atacou a Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira (24).

Pouco depois de Putin ter autorizado, em pronunciamento pela TV, uma operação militar nas regiões separatistas do leste da Ucrânia, explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades do país, segundo relatos de repórteres da CNN. A Ucrânia informou que pelo menos 50 pessoas morreram.

Em seu pronunciamento, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Kiev tem congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. ONU pede que Putin recue, e o presidente americano Joe Biden diz que a Rússia escolheu uma guerra de perdas catastróficas. E o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em pronunciamento que a Rússia pode iniciar "uma grande guerra na Europa" a qualquer momento, e pediu aos russos que se oponham ao conflito.

Contenção divina
Segundo as profecias, o destino da Terra não está sujeito à boa-vontade de líderes humanos. O Soberano do universo intervém para conduzir o mundo a um desfecho específico. Quando parece que os povos vão se destruir, Deus age para contê-los. No Apocalipse, isso é representado pela imagem de quatro anjos segurando os quatro ventos do céu (Apocalipse 7:1).

A chave para se compreender essa simbologia está no sexto selo (Apocalipse 6:12-17). Nessa seção, fala-se de eventos cataclísmicos, que culminam no recolhimento das nuvens e a fuga dos “reis da terra” e de “todo escravo e todo livre”, que se abrigam “nas cavernas e nos penhascos dos montes” (ou seja, refere-se aos “eventos finais que conduzirão para a segunda vinda de Cristo”).[1] Pedem que os montes e rochedos caiam sobre eles e os escondam “da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro”. E a seção termina com uma pergunta contundente: “chegou o grande Dia da ira deles e quem é que pode suster-se?” (v. 17).

O capítulo 7, que constitui um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, parece responder à pergunta feita em 6:17. Nele, apresentam-se “quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7:1). Na Bíblia e no simbolismo apocalíptico, o número quatro representa as quatro direções (norte, sul, leste e oeste), transmitindo a ideia de uma abrangência global, a totalidade do mundo (1Crônicas 9:24; Isaías 11:2; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6).

Os quatro anjos representam “os agentes divinos no mundo, retendo as foças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa”.[2] Assim como as casas dos israelitas foram marcadas com sangue para serem protegidas antes da última praga e do próprio êxodo, e algo semelhante tenha ocorrido no tempo do exílio (Ezequiel 9:1-11), no tempo do fim, o povo de Deus receberá um sinal distintivo para ser protegido contra as imensas destruições reservadas para os últimos momentos antes da volta de Jesus (Mateus 24:30, 31; 1Tessalonicenses 4:16-18).

Na Bíblia, Deus é o Senhor dos ventos (Amós 4:13). O Criador os utiliza para cumprir seus propósitos na Terra (Gênesis 8:1; Êxodo 10:13; 14:21). Ventos servem para destruir e proteger, trazer alimento (Números 11:31) ou a privação dele (Gênesis 41:6); nas mãos de Deus, o “vento abrasador” é um instrumento de juízo (Salmos 11:6; 48:7), como elemento desagregador (Salmos 18:42; 35:5). Na metáfora poética, Deus “cavalga um querubim”, voa “nas asas do vento” (Salmos 18:10; 104:3).

Porém, é nos textos dos Profetas que a imagem do vento assume um significado mais útil para a compreensão do símbolo apocalíptico. Vento se torna uma metáfora para a ação destruidora das nações que resulta na dispersão e no cativeiro (Jeremias 4:11-13; 18:17; 22:22; 49:32, 36; 51:1, 16; Ezequiel 5:2, 10; 13:11, 13; 17:21; Oseias 8:7; 12:1; 13:15; Hebreus 1:11). É tomado como símbolo apocalíptico em Daniel 7:1 a 8 e se apresenta com o mesmo significado no Apocalipse.

Na fase final da história humana, a Divindade atua para conter os impulsos violentos das nações. O livro de Daniel nos dá um vislumbre da ação dos mensageiros divinos junto aos governantes humanos – “o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10:13). Os quatro anjos simbólicos de Apocalipse 7 representam a ação de anjos reais, sem desconsiderar a atividade imprescindível do Espírito Santo, simbolizada pelos “sete espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6; comparar com 1:4; 3:1; 4:5).

Consciência e ação
Para a escritora Ellen White, a mensagem apocalíptica dos quatro anjos segurando os quatro ventos tem implicações espirituais profundas quanto à consciência sobre o tempo em que vivemos, à condição espiritual de cada um e, especialmente, quanto à missão. Destaco a seguir algumas de suas mensagens sobre os quatro anjos e a contenção dos ventos:

1) “Os (…) ventos serão a incitação das nações para um combate fatal”, por parte de Satanás (Maranata, p. 173).

2) Apesar de a paz mundial se encontrar num estado de “incerteza”, com as nações “iradas” e fazendo “grandes preparativos de guerra”, “está ainda em vigor a ordem dada nos anjos, de segurarem os quatro ventos” (Maranata, p. 241).

3) Os acontecimentos são iminentes, apesar de ainda não ter chegado a hora da “batalha final” (Eventos Finais, p. 229).

4) Mesmo agora o “refreador Espírito de Deus está (…) sendo retirado do mundo. Furacões, tormentas, tempestades, incêndios e inundações, desastres em terra e mar, seguem-se um ao outro em rápida sequência” (Serviço Cristão, p. 52).

5) Tudo depende do fim da intercessão de Cristo no santuário celestial. Quando isso ocorrer, os anjos deixarão de segurar os ventos, e virão “as sete últimas pragas”, que são juízos divinos (Eventos Finais, p. 245).

6) Não há espaço para complacência. Devemos travar uma inevitável luta espiritual pela transformação do caráter (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 217).

7) Agora é o momento de alcançar o mundo com a mensagem para este tempo (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 374).

A paz entre as nações é apenas um verniz de civilidade e respeito mútuo. Se as paixões humanas pervertidas assumem o controle, toda a diplomacia desmorona. “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1 Tessalonicenses 5:3). Somente o Rei dos Reis pode impedir que nos destruamos uns aos outros. Ele refreia o ímpeto destrutivo das nações, para preservar a vida. Portanto, como Jesus disse, não precisamos viver “assustados”, pois as guerras são um dos sinais do fim, mas não o fim (Marcos 13:7).

De nossa parte, cabe orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Timóteo 2:2). Precisamos ter consciência de que a paz e a liberdade religiosa são uma dádiva, a qual devemos ajudar a preservar, como os maiores pacifistas. O tempo de graça e liberdade que temos deve ser aproveitado ao máximo para salvar pessoas. Nos dias atuais, não podemos brincar de ser cristãos. Devemos levar a sério nossa identidade e missão.

Adaptação de texto de Diogo Cavalcanti (via Apocalipses)

Referências
[1] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ. Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2ª ed., 2009, p. 259.

[2] Francis Nichol (ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, vol. 7, 2014, p. 864.