Melhor que relatar qualquer
acontecimento recente, é rever um de há quase quarenta anos.
Estava no ensino Secundário, em
Humanidades (Humanística na época) e tinha, nesse ano, duas disciplinas aos
Sábados, lecionadas pelo mesmo professor, que se repetiam às Segundas-feiras.
Como cristã, criada numa família Adventista do Sétimo, guardo o Sábado, como
dia de adoração a Deus e tinha dispensa das aulas ao Sábado. Ninguém se
incomodava ou me incomodava com isso, a não ser quando se marcavam os testes,
normalmente dois por período escolar.
Lembro-me que normalmente fugíamos
dos testes às Segundas-Feiras para podermos aproveitar o fim-de-semana para fazer
o que durante a semana não tínhamos tempo para fazer e embora a maior parte da
turma, não se importasse de os fazer nesse dia, por minha causa, havia duas
colegas especialmente desagradadas com essa possibilidade, que cada vez que se
marcava um teste, batiam o pé. Nessa altura, a democracia e a maioria, eram
abafadas e deitadas por terra, com as reclamações delas. Ainda recordo a
expressão do professor na minha direção e eu a encolher os ombros. Então ficou
definido que um dos testes seria em dia de Sábado e o outro à Segunda-feira.
No fim do ano letivo, reunimos à porta
da sala dos professores, esperando que o professor desse a nota acompanhada de
uma das frases: tem de ir a exame ou dispensou de exame.
Metade da turma foi a exame e a
outra metade dispensou. As minhas contrariadoras colegas ficaram na primeira
metade e eu fiquei na segunda.
Eu sei que foi a ação do
professor que assim o ditou, eu sei que se ele contabilizasse as minhas notas
numa média de 6 testes eu nunca seria dispensada de exame. Ele limitou-se a
fazer a média pelos três testes que eu fiz, considerando que se tive 13 ou 14
valores nesses, não iria de certeza ter menos de 10 se fizesse os outros.
Escolhi este acontecimento, não
para exibir a minha vitória, que foi o que eu fiz nessa altura, perante toda a
turma, mas para refletir que não foi vitória minha, foi ação de Deus que usou
como instrumento, o meu professor. E nessa altura, eu não percebi, nem agradeci,
estava por demais focada em mim e em me exibir perante os meus colegas, em
especial perante duas delas.
6 comentários:
Gostei!
Beijinhos e bom fim de semana
Ana Mestre
Blog that's it
muito bom
Também tive uma colega que sempre faltava às aulas por uma questão religiosa. Já me tinha esquecido dela...A sua razão para faltar era legítima. Mais do que a das colegas para não quererem testes à segunda. Hoje os professores valorizam não apenas as notas dos testes mas muito mais. Naqueles anos atendiam mais aos testes, é a minha opinião. Isso até me favoreceu pois eu não era muito participativa nas aulas...
Sempre houve colegas desrespeitadores... e sempre houve professores justos - fazer a média contando testes a que não tinha comparecido seria altamente injusto :)
Não deveria ser fácil assumir uma posição de fé nessas circunstâncias. Parabéns, foste fiel a ti própria!
Gostei de ler, quando andei na escola, também tive aulas ao sábado, nunca nenhum colega faltou por motivos religiosos.
Enviar um comentário