A obra narra as aventuras e desventuras de Dom Quixote, um homem de meia idade que resolveu se tornar cavaleiro andante depois de ler muitos romances de cavalaria. Providenciando cavalo e armadura, resolve lutar para provar seu amor por Dulcineia de Toboso, uma mulher imaginária. Consegue também um escudeiro, Sancho Pança, que resolve acompanhá-lo, acreditando que será recompensado.
Quixote mistura fantasia e realidade, se comportando como se estivesse em um romance de cavalaria. Transforma obstáculos banais (como moinhos de vento ou ovelhas) em gigantes e exércitos de inimigos.
É derrotado e espancado inúmeras vezes, sendo batizado de "Cavaleiro da Fraca Figura", mas sempre se recupera e insiste nos seus objetivos.
Só volta para casa quando é vencido em batalha por outro cavaleiro e forçado a abandonar a cavalaria. Longe da estrada, fica doente e acaba morrendo. Nos seus momentos finais, recupera a consciência e pede perdão aos seus amigos e familiares.
Este foi mais uma das obras que nunca tinha lido (infelizmente) e foi uma grata surpresa.
Escrito numa altura em que o Modernismo estava a assentar raízes foi uma crítica à crítica que se fazia aos romances de cavalaria que se diziam não serem bons para a mente e fazerem com que os seus leitores tivessem os interesses literários mal encaminhados.
Só para complemento deixo aqui a transcrição de uma parte de um comentário feito dentro de uma análise da obra em questão:
Na época medieval existiram narrativas denominadas romances de cavalaria, em que o termo ‘romance’ não tem que ver com o do século XIX, nem com o actual. O uso desse termo deriva do facto de as narrativas serem escritas em romance, ou seja, em línguas românicas, vernáculas, e não em latim.
O Romance, tal como o entendemos hoje, é um sub-género literário que pertence ao género Narrativa e que nasceu em finais dos século XVIII.
Por isso é que a obra de Cervantes é o início de uma nova modernidade: anuncia, avant la lettre, o futuro Romance e subverte, por vários motivos e em vários planos, as narrativas medievais, os denominados romances de cavalaria.
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