quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Almas Cinzentas

 

Inverno de 1917. Numa pequena povoação da Lorena, a poucos quilómetros do campo de batalha onde decorre uma das maiores carnificinas da história da Europa, é descoberto o cadáver de uma menina de dez anos. O assassino é encontrado na figura de um jovem desertor que é imediatamente executado, ainda que uma testemunha diga que viu a criança encontrar-se com o insondável Procurador da terra na noite do crime.
Muitos anos depois, vai ser o polícia da aldeia, que desde o início duvidara da culpa atribuída ao rapaz, a relembrar o dia do crime e a cadeia de acontecimentos que o precederam e que se lhe seguiram. Uma história que termina com a tomada de consciência de que, na fronteira entre o bem e o mal, todos somos a um tempo culpados e inocentes, justos e injustos, almas cinzentas e atormentadas.


Toda a narrativa chega até nós entre vários tempos intercalados. Ora é presente, ora é passado. E mesmo dentro desses tempos, passados e presentes se voltam a intercalar. 

É através dessas narrativas em que a ação não nos é apresentada cronologicamente, que vamos conhecendo os personagens envolvidos em cada cena. Uns conhecemos desde o início da narrativa com presentes e passados, outros conhecemos apenas num momento, um momento em que o narrador apresentou, onde esse personagem esteve envolvido, e não voltamos a ouvir falar dele.

Só quase no final do livro nos apercebemos de quem é o narrador. Percebemo-lo  amargurado, desejoso de justiça, mas apanhado pelo meio pelas suas tragédias pessoais e só entendemos a importância que as essas tragédias têm, não no desenrolar da ação, mas no desenrolar das suas ações quando sabemos quem ele é.

O título do livro diz tudo, e ajuda-nos a entender os porquês das coisas, dos atos, sem os justificar.

Abaixo vou partilhar a opinião de alguns jornais, na altura da edição, que ajudarão a perceber porque é que o recomendo.

Críticas de imprensa

"Termina-se este romance envolvente e inquietante com a sensação de que tudo nele foi posto em causa, a começar pelo direito de julgar e punir. Num texto à superfície lento e repousado, as surpresas, os alçapões, a ambiguidade de certas atitudes questionam a vida e o leitor. Narrativa muito densa e realista, mas com registos de poema e outros de farsa trágica, Almas Cinzentas de Philippe Claudel, cativa-nos desde as primeiras linhas."
Urbano Tavares Rodrigues, Mil Folhas (Público), 22 de Janeiro de 2005

"Um magistral policial metafísico."
Le Figaro Magazine

"Philippe Claudel perturba, toca e submerge o leitor."
L’Express

"Com a sua prosa fluida, matizada com as cores da poesia e a ousadia do terror, Philippe Claudel compõe uma belíssima obra literária."
Madame Figaro

Sem comentários: