segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Liberdade (ou libertinagem) de expressão?


Com este título, pretendo, numa publicação curta, opinar sobre o ataque ao grupo Porta dos Fundos, que apresentou um filme em que Jesus Cristo era gay.

Em primeiro lugar, quero dizer que não aceito a ação do grupo Porta dos Fundos. Não posso apoiar tal afronta, blasfémia. É uma grosseira falta de respeito. A liberdade de expressão perde o seu poder e os seus direitos com este tipo de ações. Liberdade é poder ser liver para fazer ou dizer o que se deve e não para fazer ou dizer o que se quer. Aceitando ou não as ideias e crenças de cada um, a liberdade de expressão não dá a ninguém, o direito de blasfemar, de ofender ou de achincalhar os outros e as suas crenças. Neste caso, podemos adaptar o chavão: a liberdade de expressão termina onde começa a liberdade religiosa.

Mas...

E agora, o motivo que me levou a escrever: a verdadeira liberdade também não suporta a reação violenta de alguns ofendidos, como foi o ataque com cocktails molotov ao prédio das produtora, que não provocou vitimas e maiores danos porque um segurança agiu prontamemte.

Devemos defender Jesus e as verdades bíblicas (que são o assunto aqui) a todo o custo, mas devemos defender por atos ou palavras, com a nossa forma de viver, com o mesmo método que Cristo viveu e nos ensinou.

"O verdadeiro cristão jamais reagiria à afronta lançando coquetéis molotov nos outros. O verdadeiro cristão sofre, fica indignado e até se revolta, mas foi ensinado pelo Mestre a dar a outra face – e exatamente por isso frequentemente é alvo de escárnio.
Não se podem tolerar incendiários, nem homicidas esfaqueadores de políticos, nem qualquer outro tipo de pessoa que se vale da violência como “recurso”.
Estejamos atentos às ofensas, defendamos as nossas crenças, mas deixemos a vingança para Quem tem o poder e a sabedoria para o fazer.
"Concluo com as palavras de Fábio Porchat: “Não vão nos calar! Nunca! É preciso estar atento e forte.” Sim, não podemos nos calar. Mas que nossas palavras, ainda que firmes, sejam sempre temperadas com amor, respeito e bom senso. No entanto, se for para usá-las para magoar e desrespeitar, o silêncio será será sempre uma boa opção."
E até mesmo o silêncio pode mostrar o quão ofendidos ficámos com blasfémias, mas não tira a vida a ninguém.
Podem ler AQUI a publicação que quis partilhar resumidamente.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

As decorações de natal

Li uma publicação sobre árvores de natal e ri-me imenso com a escrita.
Podem ir ler no blogue O Meu Pensamento Viaja . Vale a pena e diz-nos qualquer coisa.
Pelo menos a mim diz qualquer coisa, já que cada vez me apetece menos montar árvores e decorações e afins. Não é que não goste do natal, que gosto e muito. É que cada vez vou tendo menos paciência para estas coisas.

Portanto, em afinidade com a publicação referida, venho mostrar a minha decoração de natal. Pindérica (gostei do termo usado) de certeza.

Não me lembro se tirei a foto de dia ou de noite, mas a nitidez deixa um pouco a desejar. Neste preciso momento, já tem alguns presentes por baixo, porque gosto de comprar alguns por esta altura, embora tenha curado a loucura de há uns anos atrás...


Mais pindérico que as fotos que se seguem não deve haver. 
Mínimo, porque esta mesa está sempre ocupada com mil e uma coisas aos serões: comandos, livros, revistas, canecas de chá, etc. De forma que não a podia atulhar mais.


Quando acabei de por estas peças sobre a lareira, pensei que teria que melhorar a coisa, encher mais um pouco, mas com quê? perguntei-me várias vezes e acabou por ficar assim, por falta de resposta.

Não sou muito de espalhar decor pela casa fora, embora ponha umas velas e umas flores em alguns lugares. 
À cozinha calhou um coração (pouco a ver) nas cores definidas, uma caixa com azevinho na prateleira e (não fotografei que não valia a pena) as almofadas das cadeiras são vermelhas com estrelas brancas. Fazem parte da coleção de natal da Casa mas quer-me parecer que vão ficar ao longo do ano, pois combinam muito bem com o corre mesa que normalmente uso.


E para finalizar, tenho que publicar o "mãos-à-obra". Sou eu e o Querido Mudei a Casa.
Gosto sempre de ter alguma coisa feita por mim: fronhas de almofada, arranjos de flores, qualquer coisa. Este ano, decidi criar uma pequena paisagem. Gosto muito das que há já feitas, mas acho que não compensa o preço, pela duração da exposição e como tal...



É o que há e para a vontade com que me dediquei à coisa, parece-me suficiente.









sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Natal em detalhes...


É sempre a mesma coisa.
Quando se aproxima o natal penso que poderia ter feito qualquer coisa comemorativa: uns acessórios, uns enfeites, mas já não vou a tempo e então decido que no próximo começarei mais cedo - nunca começo e é sempre assim.
Por isso, vou deixar aqui uns trabalhos - que os há por essa internet fora lindos e muitos - para incentivar o pessoal (eu incluída), afinal ainda temos duas semanas para por as mãos à obra.

Individuais






Enfeites







Almofadas . os meus favoritos







E a minha singela experiência - uma espécie de cristal de gelo... que de cristal tem pouco (nem texteura, nem cor, nem delicadeza...)


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Ondas em Água Doce - A César o que é de César e a Deus o que é de Deus #2


Lido o livro de Diog Freitas do Amaral, de que falei duas publicações atrás, está na hora de fazer um pequeno comentário ao que foi lido. E como os comentários são opiniões pessoais...


É um livro curto, com cerca de 80 páginas de impressão muito agradável e em menos de meia-hora consegue ler-se. 
Inicia com uma breve apresentação do panorama histórico da altura da vida de Jesus Cristo e divide o livro em três vertentes: politica, social e económica.

O autor avisa logo de inicio que vai tratar a pessoa de Jesus como apenas um homem que influenciou o mundo (de tal forma que a história está dividida em AC e DC), e mais nada.
No entanto, no final, interroga-se como podem as pessoas aceitar que os ensinos de Jesus e que foram postos em prática ao longo dos anos, provando que bem utilizadas funcionam, tiveram origem em apenas un homem, inteligente, mas apenas um homem e não querem aceitar em algo mais profundo e poderoso.

Tenho apenas duas chamadas a fazer:

Primeira:
No inicio da apresentação do pensamento politico, diz que a igreja sempre esteve ligada ao estado. Poderosas nações que eram politicamente organizadas como teocracias, a tal ponto que os seus governantes (faraós, imperadores e outros) se consideravam representantes diretos de divindadee e até a incarnação de alguma e exigiam a devida adoração e que até o povo judeu vivia a prática de que os reis eram os porta-voz das diretivas de Deus e que Jesus veio alterar isso.

No caso do povo judeu, a ideia e teocracia tem outras carateristicas. Sendo uma civilização monoteísta, não era admitido que os seus líderes politicos assumissem ou exigissem alguma condição de natureza divina. Assim, esses líderes (particularmente o sumo sacerdote e/ou profetas) tinham a importante função de intermediar a relação com Deus e nada mais. 

Não era a religião misturada com o estado. Era um estado em que o seu líder era Deus e ninguém mais. E se tivesse sido mantido assim, metade das provações (guerras e cativeiros) que o povo sofreu teriam sido evitadas. Mas o povo exigiu ser como as outras nações  (I Samuel 8:5 - Por isso, queremos que nos arranje um rei para nos governar, como acontece em outros países) e esse afastamento (rejeição de Deus) enfraqueceu a nação.

Segunda:
Na parte social, falando sobre o auxilio aos pobres, comentou a parábola do jovem rico (Mateus 19:16-30) que perguntou a Jesus o que fazer para herdar a vida eterna. Jesus disse-lhe para guardar os mandamentos de Deus e quando o jovem confirmou que já o fazia, Jesus disse-lhe que vendesse o que tinha, desse o dinheiro dessa venda aos pobres e O seguisse, o jovem afastou-se, porque não queria ficar sem os seus bens, pois tinha muitos. 
Aqui, o autor frisou que há muita gente que põe em prática os ensinos de Jesus, no sentido em que divide com os pobres boa parte das suas riquezas. Uns à espera de reconhecimento social, publico, o que seja, e outros por amor ao próximo. Que em primeiro lugar está a vida devocional, mas se nem sempre podemos levar uma vida 100% religiosa, pois temos outros patamares de vida a levar em conta, se dermos das nossas riquezas, aos pobres - ainda assim poderemos ser salvos.

Fiquei com a impressão que o autor queria dizer que ser bispo, padre, freira, pastor, etc, é salvação garantida e não podendo ser (por várias razões impeditivas) poderiamos comprar a salvação com as nossas "boas" obras.

Gostaria de lembrar que a Reforma Protestante, no séc.XVI, de que Martinho Lutero é o mais conhecido, quando amando a sua igreja queria apenas transformá-la, para que não se abusasse dos pobres, que se iludiam com a salvação se comprassem indulgências (obras) quando a salvação só é concedida pela graça de Deus ao pecador, e mais nada.

As boas obras sim, são essenciais, mas apenas como resultado da transformação do nosso carater, não como moeda de troca.

E tenho o comentário terminado.
O livro é bom, pois enaltece o bom funcionamento de uma sociedade que segue os ensinos de Jesus mas achei por bem fazer este comentário.




quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Neste Natal Abra o Presente - Vodafone

De há uns anos para cá, a Vodafone brinda-nos com um pequeno clip sobre o Natal e relacionamentos quebrados que são restaurados.

Qual deles o melhor até agora?

Acabei de ver o de 2019 e mais uma vez, completamente rendida.

Pequenas histórias, com muito para contar.



Podem recordar os outros aqui







quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Ondas em água doce - A Deus o que é de Deus e a César o que é de César



Ao querer atualizar-me, li no Sapo.pt, a noticia sobre o livro póstumo de Diogo Freitas do Aamaral e dado o resumo imediato sobre o mesmo:
"Jesus Cristo foi o precursor do princípio da separação entre a Igreja e o Estado, apesar de não ter sido um político"  

Tive que ler a noticia na totalidade  AQUI .

Não sei se algum dia lerei o livro - porque até tentei fazer a encomenda online mas estava a dar erro e cancelei, veremos - e também não sei se concordarei com tudo o que lá está escrito, mas de imediato o que está na noticia, pode fazer-nos pensar.

Segundo Diogo Freitas do Amaral, o estado é para ser respeitado, obedecido e para servir o povo.

A bíblia diz exatamente o mesmo, as pessoas devem respeitar os poderes politicos, que estão lá para manter a sociedade organizada e para proteger o povo e para o servir e em troca devem obedecer e cumprir as suas leis, desde que não sejam contra as leis divinas, porque a lei de Deus é acima de tudo.
A César o que é de César e a Deus o que é de Deus - não supõe igualdade entre as duas, apenas separação.

A união entre estado e igreja, mistura coisas que não se podem misturar.
O estado cria e impõe decretos e leis que devem ser cumpridos - supostamente para bem estar das nações sobre as quais legisla e a igreja impõe quais as leis a serem aplicadas, que lhes sejam favoráveis.

 A história da ação da igreja, apoiada e fortalecida pelo poder secular, não é uma história feliz - temos as cruzadas e a inquisição, para encurtar - evangelizar com doutrinas transformadas os homens e destruir os que não aceitam essa evangelização.
Este impor à força, tem o intuito de obter a adoração que é apenas prerrogativa de Deus. E a adoração supõe a obediência.

É dever e desejo de um verdadeiro cristão, levar outros a conhecer Cristo, mas não vai impor,
Vai contra o amor e a tolerância que Cristo nos deu nos seus ensinos.

E mesmo Deus, único digno de adoração, não impõe, embora deseje essa adoração, benéfica para o homem.


E segundo a noticia, nas palavras de Diogo Freitas do Amaral, os ensinos de Cristo no que se refere a doutrina social, se postos em prática,  refletir-se-iam numa sociedade mais feliz, saudável e eficaz.
Ele diz: "é uma pena - é mesmo motivo de escândalo - que um número considerável de católicos convictos (professores, empresários, gestores, políticos, jornalistas) não se sintam obrigados em consciência a seguir essa doutrina, e a ignorem ou menosprezem na sua vida profissional, sem fazerem o que têm o dever de fazer ou agindo contra as proibições que devem acatar".

Gostaria ainda de comentar um parágrafo, onde D.F.Amaral, defende qual deveria ser a posição do Estado perante o povo:
"O Sábado foi feito para servir o Homem, e não o Homem para servir o Sábado", escreveu S. Marcos no Evangelho, o que o ex-líder do CDS se encarrega de traduzir à luz dos dias de hoje. "O Estado foi feito para o Homem, e não o Homem para o Estado", ou melhor, os poderes da autoridade do Estado são apenas "um meio para alcançar um fim, o bem comum é que é o fim a atingir".


O parafrasear de "O Sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do Sábado" que é tão conhecida como a de "A César o que é de César..." foi bem escolhida para defender a sua ideia, que para já me parece a ideia geral do livro, mas convém esclarecer, que não é apenas uma frase a aplicar e parafrasear conforme as ocasiões se prestem e vai além das doutrinas sociais da bíblia, sendo uma doutrina religiosa, e ponto de divisão entre algumas denominações cristãs, pelo que não deve ser substituída e esquecida na sua verdadeira essência.


E resta-me convidar-vos a ler o livro, e já agora a comentarem de vossa justiça, o que acharam.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Desafio de Escrita dos Pássaros - Fico-me por aqui...

Quando me inscrevi no desafio, foi com a ideia que assim, teria a "obrigatoriedade" de manter as publicações em dia, sem falhas, mas logo no primeiro texto falhei.
Fui insistindo, mas acho que se não todos, quase todos, publicados atrasados.
Concluo e confirmo mais uma vez que a,  falta de publicações nem sempre é por não ter o que dizer, mas sim por não ter tempo para o fazer. E ter uma hora e dia certo para tal, pelo visto, em vez de me ajudar, ainda me complica mais, porque normalmente publico alguma coisa, em algum momento livre.

Tenho pena, porque como qualquer "autor" que se preze, gostamos que alguém leia o que escrevemos, mas como não consigo manter o ritmo que deve ser cumprido, para mim, acabou-se o desafio, mas irei visitar os que seguem publicando.
Descobri uns quantos autores, que muito me agradam.

E continuarei por aqui, com a minha miscelânea de publicações claro, porque...



quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Desafio de Escrita dos Pássaros #8





Tema: Escreve uma carta para a criança que foste

Olá Maria João,
Se calhar vou só chamar-te miúda. Afinal que jeito tem chamar-te Maria João, se quando escrevias contos, as tuas personagens podiam chamar-se tudo, menos Maria, menos João.
E então, miúda?
Imaginaste alguma vez, quando brincavas com bonecas e livros, que chegarias a um dia em que viverias a respirar livros e tudo o que lhe diz respeito apesar de não viveres disso?
Imaginaste que quando leste um livro que não entendeste e quiseste, reescrever o seu final, irias passar a escrever os teus próprios contos? Passando a escrito, situações que irias viver ao longo do teu crescimento e outras que inventarias?
Imaginaste alguma vez que por muito que se escreva há sempre espaço para mais e que é por isso que os escritores (famosos) escrevem livros atrás de livros?
E que ao escrever-se um conto ou um romance, a nossa vida torna-se diferente e conseguimos tirar partido do que vivemos, porque em qualquer momento, podemos criar uma realidade diferente. Não é a nossa porque não a vivemos a sério, mas é nossa, porque sem nós, não existira, mesmo nas folhas de um livro.
E quantas vezes, sonhaste conhecer alguns personagens em carne viva, e alguns autores para lhes perguntares o que os tinha levado a escrever tal e tal livro?
Imaginaste alguma vez que depois de leres livros atrás de livros, desejando às vezes que eles não chegassem ao fim, e que depois de escreveres contos, chegarias a um momento na vida em que apenas um livro e tudo o que diz respeito a esse livro te interessaria? E que a ação desse livro não termina e que a realidade lá expressa, está muito longe de ser aceite por muitos? E que ainda assim, ou por isso, por conta desse livro, milhares morreram e ainda mais uns quantos irão morrer até que as suas palavras sejam cumpridas? E que esse livro, embora “velho” te dá vida nova se o leres de coração aberto e que é o único livro que quando o estás a ler, tens o Autor a teu lado?
Há melhor? Há coisa melhor do que ler um livro que entre centenas de personagens, uns fortes, outros fracos, o seu Autor é o Personagem principal e é todo teu, se tão somente o aceitares?
Não te afastes d’Ele miúda que Ele não se afastará de ti.


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A boneca

É um título bastante básico, mas não sabia que outro por. Sempre tive dificuldade em idealizar títulos para qualquer coisa (imagens, publicações, textos, contos... etc), é uma cena que não deve ser só minha, mas não saiem com facilidade., Por isso: "A boneca" e já está.

Será que com a idade, deixamos de ter idade, para bonecas? Ou temos sempre idade, contando que as há de coleção que custam muitos euros?

Sempre me delicio com as bonecas de coleção que por aí desfilam na internet. São as Little Darlings, as Blythe, as Tildas e deve haver tantas outras que nem imagino. A industria das bonecas não tem fim, nem falta de imaginação e já não falo nas centenas de modelos de bonecas dedicadas à criançada (algumas nem por isso muito adequadas, mas enfim...).








~

Um dia destes, por mero acaso, numa loja de chineses onde fui procurar artigos para costura dei de cara com uma boneca de uns 10cms que me fez lembrar umas que eu tinha em criança, com pernas articuladas e não resisti.


É a coisa mais fofa!
Infelizmente não tem cabelo, o que significa que se pretender criar conjuntos para a vestir, têm que estar sempre acompanhados de qualquer acessório para a cabeça.
Com uma "modelo" tão pequena, mau seria não dar asas à imaginação e à agulha e não lhe criar umas roupitas...




Desafio de escrita dos pássaros #7






Eu ouvi a minha amiga a contar-me os seus problemas capilares, com que se debatia de há alguns meses a esta parte.
Tudo começara quando se separara do seu marido de há anos e o sistema nervoso resolveu manifestar-se com caspa numas alturas e oleosidade noutras.
- Eu acho que conforme o meu estado de espírito, assim é o meu problema. – explicava Constança com um ar infeliz – Se estou furiosa e me lembro do que aquele ordinário me fez, salta a caspa e ando a esfarelar-me semanas a fio; se me dá para a nostalgia e me sinto infeliz, com saudades da minha vida anterior, fico com o cabelo oleoso. De tal forma que poderia passar nos móveis, para dar lustro.

Sorri. Eu sabia que ela esperava um sorriso, para ter a certeza que pelo menos eu a estava a escutar, no seu lamento. Gostaria tanto de a ajudar. Lembrei-me do dia em que Constança decidira cortar o lindo cabelo que tinha e passara de cabelos pela cintura, para cabelos acima dos ombros, tal como estava agora. Acho que me doera mais a mim que a ela, mas entendia a sua aflição com a situação atual. Uma pergunta dela, interrompeu o curso dos meus pensamentos:
- Que achas? Sabes de algum produto bom para combater esta polaridade capilar? Como lidas com tanta gente, a quem vendes os teus produtos, já ouviste falar em algum tratamento que eu possa fazer, que me alivie… já nem sonho em voltar ao estado anterior, porque o casamento também não vai voltar… - Constança riu-se – Está provado que o estado físico depende inteiramente do estado psicológico…
Ouvi-a, meditei no assunto e decidi que só havia uma coisa a fazer. Estendi-lhe um boião que tirei da caixa de amostras de compotas.
- Não estás à espera que vá besuntar o cabelo com compota de abóbora! – Fingiu-se escandalizada, mas aceitou o boião – Eu já estou por tudo… se a abóbora me resolver o assunto, não me importo. – Volto a rir.
- Trata uma parte do físico e pode ser que o psicológico vá tratar a outra parte. Come compota de abóbora com amêndoa, delicia-te e esquece o ordinário do teu ex-marido de uma vez por todas!




Tema: A Constança precisa duma mascara capilar mas o teu patrão só quer que vendas compotas de abobora com amêndoa. Convence-a  a escolher a compota para usar 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Paradigmas - 6 - Quem é afinal Jesus?


NovoTempoPortugal
24/10/2019

O que pode justificar que um simples homem, num tempo tão longínquo e até obscuro como aquele em que Jesus viveu, tenha tido um impacto tão grande na história da humanidade?

A prova de que Jesus realmente viveu, pode encontrar-se em escritos (livros, ensaios, cartas) de escritores não cristãos da época.

A prova do Seu impacto no mundo pode resumir-se aqui:


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Paradigmas: As Religiões São o Problema ou a Solução?


NovoTempoPortugal
23/10/2019

Historicamente, as religiões têm-se mostrado um bem e um mal para a humanidade. 

Uma imagem positiva e bem fundamentada de Deus, tem sido afetada pelo comportamento das religiões e sobretudo de líderes religiosos.

Convém analisar que as religiões não são semelhantes e o que têm de diferente é muito profundo.
As diferenças no contéudo das suas visões da vida e de Deus não devem ser aligeiradas, porque acreditam todas que existe Alguém, mas as respostas que existem, diferentes, às mesmas questões, são exclusivas de cada religião.
Duas estruturas de crenças que têm respostas diferentes à mesma questão, não podem ambas ser verdadeiras.

Se uma religião sobre a morte propõe a reencarnação sucessiva de uma alma em outros seres e outra religião propõe que a morte é um sono e que não se vai a lado nenhum até que Deus intervenha e traga de novo à vida, aqueles que morreram, excluem-se umas à outra. Não são iguais.

Há 4 padrões pelos quais devemos analisar cada uma das várias religiões. E só aquela que responder às 4 de forma coerente é a verdadeira.


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Ondas em Água Doce - Medo - Talvez Devas falar com Alguém

Há uns dias li uma publicação num blogue conhecido, na qual transcrevia uma pequena citação do livro  "Maybe You Should Talk to Someone", de  Lori Gottlieb.


Sinopse:
"Alguma vez imaginaram o que o vosso psicoterapeuta está realmente a pensar? Agora podem descobrir... um livro divertido, embora provocador e supreendente, leva-nos aos bastidores da vida de uma psicoterapeuta.
Apresento-vos Lori Gottlieb uma terapeuta perspicaz e compassiva, cujos pacientes apresentam todos os tipos de problemas. Existem os recém papás, que lutam com a sua nova situação, a senhora de mais idade que acha que não tem nenhuma razão para viver, o jovem auto-destrutivo e alcoólico, e o doente terminal de 35 anos recém casado. E também existe John, um produtor de televisão narcisista, que francamente parece ser um pouco idiota.
Ao longo de um ano, todos fazem progressos. Mas Gottlieb não é apenas uma terapeuta, ela é também uma paciente que está numa jornada individual própria.
Intercaladas com histórias dos seus pacientes, estão as suas próprias sessões de terapia, enquanto Gottlieb segue em busca das raízes escondidas de um devastador e transformador evento.
Pessoal, revelador, divertido e sábio, Maybe You Should to Someone (Talvez Devas Falar com Alguém) abre uma rara janela num mundo que normalmente está rodeado por secretismo, oferecendo uma esclarecedora viagem por um processo produndamente privado."

Deve ser uma leitura bastante interessante e que nos fará pensar, mas para já não me parece que esteja disponivel em português. Em inglês poderá ser uma boa alternativa, para quem tenha facilidade em ler.

E isto tudo porquê?
Para propor a leitura deste livro e comentar o trecho que foi escolhido pela autora desse blogue que falava do medo. Ou melhor dos medos que nos assolam. Alguns objetivos, avassaladores, outros mais leves mas que nos ocupam a mente. E o pior nestes medos, é a nossa dificuldade em assumi-los, para nós próprios.

Esta dificuldade prende-se com mais medos. Medo de sermos chamados obsessivos, pessimistas, covardes, incapazes... e outros adjetivos que não vale a pena acrescentar.

Uma vez que tenho andado a partilhar uma série de reflexões sobre vários temas e o ultimo foi "Porque existe o sofrimento?", achei que caía na hora certa comentar este livro, mais exatamente esse ponto que fala do medo, que não deixa de ser uma espécie de sofrimento quando o próprio sofrimento ou a possibilidade de ele nos alcançar, nos mete medo.

E para terminar esta conversa, transcrevo o meu comentário a essa publicação:

Sentir medo faz parte de nós, humanos, somos falhos. Queremos e até podemos achar que sim, mas não controlamos a coisa. Sózinhos não.. Mas não podemos deixar que o medo nos páre. O medo pode surgir, mas nós, podemos ultrapassá-lo, passar de volta, saltar por cima... avançar. Só temos que (confessar o nosso medo a Quem entenda exatamente o que sentimos) estender a mão a Quem a pode segurar e deixá-Lo guiar-nos. É fácil? Não será, se não O conhecermos. Até parecerá de loucos confiar em Alguém que não se vê, mas a fé é assim... a certeza do que se espera e a prova do que não se vê. E confiantes, em qualquer circunstância, no Deus que muitos ignoram, não deixaremos de ter medo, mas não deixaremos que o medo nos vença!

E para conclusão, não posso deixar de partilhar um trecho de um livro, já que iniciei com um livro que diz:
"... (é um risco) demorarmo-nos sobre as nossas próprias faltas e fraquezas... não devemos fazer do eu o centro e condescender com a ansiedade e o temor... Tudo isto desvia a alma da Fonte da nossa força. Entrega a guarda da tua alma a Deus, e confia n'Ele. Fala e pensa em Jesus. Deixa o eu perder-se n'Ele. Afasta toda a dúvida; desvia os teus temores... Descansa em Deus, Ele é apto para guardar aquilo que Lhe confiaste. Se te abandonares nas Suas mãos, Ele te levará a seres mais do que vencedor por Aquele que te amou." (O Caminho para a Esperança)

Mesmo os que não creem em Deus, não são religiosos ou espirituais, gostariam de ter esta ação nas suas vidas. Este, descansar... e ser vitorioso.

Paradigmas: Porque existe o sofrimento?



NovoTempoPortugal
22/10/2019

Quando passamos por momentos de sofrimento e de angústia, tendemos a recorer a Deus ou a revoltar-nos contra Ele?

É possível conciliar a fé num Deus de amor e Todo-Poderoso com o mal e injustiça que vemos no mundo?

Na párabola conhecida do trigo e do joio, Jesus contava, a propósito de um incidente num campo, onde supostamemte só tinham plantado bom trigo: E os servos do pai de familia, indo ter com ele, disseram-lhe; Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Porque tem então joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. (Mateus 13:28). Quão real, nos parece a explicação que a Bíblia dá, de que o mal tem origem num "inimigo", nosso e de Deus?

Paradigmas: Qual a credibilidade da Bíblia?




NovoTempoPortugal
21/10/2019

Que beneficios pessoas podem trazer às nossas vidas a leitura e estudo da Bíblia?
Se existem outros livros ou escritos considerados sagrados, o que distingue a Bíblia como obra inspirada por Deus?
No relato da Sua tentação, lemos a seguinte afirmação de Jesus: "Está escrito, nem só de pão viverá o homem, mas de toda a plavra que procede da boca de Deus" (Mateus 4:4).

A Bíblia é o livro que melhor apresenta e explica os exemplos de vida e valores e pode mudar o rumo da nossa.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Paradigmas: Deus existe?


NovoTempoPortugal
20/10/2019

"Qual é a justificação para um numero cada vez maior de pessoas se afirmarem descrentes em Deus?
Embora atualmente sejam apenas 7% da população mudial, está a aumentar.
Será necessária mais fé para se acreditar na existência de um Deus criador de todas as coisas, ou que o Universo é fruto de um "feliz" acaso?
Lemos na Bíblia "Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificiou todas as coisas é Deus" (Hebreus 3:4). O que aprendemos sobre o Criador, ao observarmos  a nossa "casa", ou seja, o Planeta e o Universo em que vivemos?"

A complexidade e organizada e constante operacionalidade deste mundo e do homem, não se podem justificar por um simples acaso. Um planeamento sábio foi necessário, para que as leis (da fisica e da matemática) ou os processos que se repetem constantememte e de forma estável, existam.

É mais sábio crer no acaso ou em um Deus Ser Supremo e Criador?

Há respostas neste vídeo.

Paradigmas: O que é a verdade?


NovoTempoPortugal - dia 19/10/2019

"No Séc.XXI falar em verdades absolutas é facilmente rotulado como uma ideia retrógrada, e por vezes, até preconceituosa. Fará ainda sentido crer numa verdade objetiva, ou cada pessoas deve definir o que é verdade para si?
O humanista e ateu John Dewey (1859-1952) declarou: "Nao há espaço para a lei fixa e naturak ou para absolutos morais." A acreditar que não existem absolutos morais, de onde vem o sentido moral que temos como seres humanos? Como pode alguém afirmar que uma coisa está certa ou errada, se não há um padrão definido?
Jesus disse: Conhecereis a verdade e a verdade vois libertará" (João 8:32). Como é que se pode entender que há uma verdade que nos liberta num tempo em que a "verdade" de cada pessoa é tão valorizada?"

Se tiverem curiosidade em saber as respostas a estas perguntas, é só assistir.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #6




Desafio:

Escreve uma história romântica baseada no clássico "O Amor, uma cabana… e um frigorífico"


 Mariana abriu a porta de casa. Era a primeira vez que entrava em casa e a encontrava vazia. Há muitos meses que a rotina era a mesma, mas nesta tarde, não seria.
Ficou parada, sobre o tapete, como se esperasse ver alguém aparecer das três divisões que abriam para aquela entrada. Quando se capacitou que ninguém apareceria, entrou e fechou a porta devagar, em silêncio, para que a sua entrada fosse o mais silenciosa possível. Como se fosse necessário todo o cuidado, não fosse o ruído estragar o momento. Queira entrar, como se não entrasse. Sem acender a luz, largou a mochila em cima do sofá e ficou, mais uma vez parada, à espera.
Durante as últimas semanas, desejara como louca, um dia chegar a casa e ter a casa só para ela. Em silêncio, vazia de gente e sem ter de ouvir falar, sem ter de ir para a cozinha fazer qualquer coisa para comer, porque Duarte trabalhava em casa, mas sempre esperava que ela chegasse para comer, chegasse ela a que horas chegasse. E agora, ali estava com o desejo realizado.
Respirou fundo e foi para a cozinha. Hoje sentia fome. Não comera nada o dia todo, ansiosa com a aproximação daquela hora em que chegaria a casa e ninguém lá estaria para a receber. E agora a fome dava sinal.
Tirou uma peça de fruta do frigorifico vermelho que era um grito na cozinha toda em tons pastel e fechou a porta, acompanhando-a, num gesto dançado. Mordeu a maçã, abriu a porta e saiu para o quintal, o imenso quintal que ninguém imaginava, vindo da frente da casa.
Mordeu a maçã, e rodou para ficar de frente para a casa. Na realidade era uma cabana, uma cabana de quatro divisões incluindo a casa-de-banho e a cozinha. Uma cabana, escolhida por dois, no meio do nada, para dar largas a um amor que poderia durar, não fosse a ideia de Mariana comprar aquele maldito frigorifico vermelho, que tanto exasperou Duarte, mais virado para as coisas pastel, mornas, insonsas…
Mariana deu nova dentada na maçã e sorriu, com os olhos postos no frigorifico que estava de frente para a porta. Afinal, mesmo com uma cabana, no meio do paraíso, nem todo o amor resistia a um frigorifico daqueles.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Barbante

Para descansar um pouquinho das publicações de textos (que estou a gostar muito), vamos falar de barbante, mais exatamente, de um trabalho que fiz em barbante.

A primeira vez que ouvi falar do dito material, andava na fase do trapilho e como não fazia a mínima ideia onde ir encontrar barbante deixei-me andar, a ver trabalhos por essa internet fora. O que mais se vê, devido à carateristica grosseira do fio e peso, são tapetes.
Tapetes com ar de "naperons", mas não deixam de ser tapetes. E tapetes para todas as divisões. Para algumas eu não concordo, mas não sou eu que mando na casa de cada um, por isso... avancemos...

Quando descobri barbante numa loja ao pé de mim, em todas as cores possiveis, comprei um rolo para testar e para opinar.

Em primeiro lugar, o trabalho rende. E rende mesmo , porque vemos o trabalho a crescer em cada volta.
Pensei em fazer um tapete, mas com o caminhar da coisa, não me convenci e travei a meio do trabalho, para testar em outras utilizações.






Não uso "naperons" embora os haja muito bonitos e já os tenha usado, há uns anos atrás, mas agora prefiro as superficies livres, e uso apenas um corre-mesa, ou algo semelhante, na mesa da cozinha. Resolvi testar todas as possibilidades de utilização, face ao tamanho e à espessura da peça e registar para vos mostrar.
Como centro de mesa, como escorredor, como cobertura da máquina de lavar, e como base para quentes.





Gostei do assentar da coisa, pois como é pesado, não fica com os cantos levantados, no entanto:

Como centro de mesa faz-me lembrar um naperon grosso e não me parece. Talvez ainda teste outro tipo de "naperon" mais comprido e noutra cor. O grosseiro do material disfarçará a ideia.

Como escorredor não está mal, porque até absorve a água, mas precisava de ter um ponto mais fechado, para aproveitar completamente

Como cobertura da máquina, também vai muito bem. Substitui de uma forma mais adequada os panos de cozinha que uso para a cobrir e só precisa ser maior, para funcionar a 100%.

Como base para quentes, cumpre lindamente a sua função e irá continuar a ser usado.


Concluindo, serve muitos propósitos e pretendo repetir a façanha, para dois trabalhos, mas em outra cor: cobertura de máquina e corre mesa. E com as sobras poderei fazer mais bases para quentes.

Se tiverem pachorra para tanto, opinem. Digam se já trabalharam com este fio e qual a vossa opinião.






sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #5




Não vejo porque razão deva haver um impasse no destino de Hitler. Reza a tradição que o purgatório, é o local, condição ou processo de purificação ou castigo temporário em que “almas” dos que morrem são preparadas para o céu.
Não me parece que Hitler seja merecedor desse interregno. Ele tomou a purificação da sociedade, nas suas mãos, com os horrores que já se conhecem e o seu resultado. Não há lugar para duvidar de qual será o seu destino, nem para lhe dar aplicar outro veredicto que não seja o inferno.
Mas, se o purgatório não existe, não há defesa ou acusação que dê a Hitler a sua sentença, que já recebeu em vida, pois é em vida que a purificação deve ser feita. É nesta vida, que devemos dar o nosso melhor para ir para o céu (vida eterna) e evitar o inferno (morte eterna).
A não existência de purgatório, equivale a que as almas vão diretamente para o céu ou para o inferno. E para irem para um desses lados quando morrem, deveriam existir depois do corpo morrer. E não existem.
Corpo e alma são uno. Um não existe sem o outro. O corpo morre se não tiver alma e a alma não existe sem corpo. Porque a alma é a vida desse corpo. É por isso que o homem se chama alma vivente.
Hitler, que é dele que trata este texto, enquanto alma vivente, fez o que pode para garantir o seu destino.  E o seu destino, não é ficar inconsciente e descansado na sepultura. Quando, for desperto e confrontado com tudo o que fez, coisa que quis evitar ao suicidar-se, entenderá o que angariou com as atrocidades que permitiu, tomará consciência da recompensa que irá receber e da não existência de uma segunda oportunidade para se purificar. Então, a sentença será posta em prática e a morte por onde fez tantos passarem, será o seu destino, em forma de um fogo que o destruirá, para sempre, do tamanho da sua maldade.
E afinal, existe um interregno na história de Hitler, onde ninguém o vai acusar ou defender, porque o seu veredicto já está decidido.
E o que deverá fazer-nos pensar, é que estamos todos na pele de Hitler, com a diferença de que nós, os vivos, ainda temos a oportunidade de ser ilibados.


terça-feira, 8 de outubro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #4




A palavra soou como um estrondo embora tenha sido dita em voz baixa.
Ecoou na sala. Um eco de resposta demorada que só se fez sentir quando todos se calaram e o silencio invadiu a sala. Não sei se foi o eco da palavra, ou o silêncio que ela provocou que fizeram mais ruido.
Como os líquidos escorrem pelas paredes quando se atira uma garrafa contra elas, era assim que o eco escorria pelo silêncio. Como se fosse sujo, mas não era, como se cheirasse a álcool, mas não cheirava, como se fizesse lembrar qualquer coisa infame, mas não lembrava, como se fosse deixar uma marca, um rasto por onde passava. E deixou.
Quem ouviu, deixou a palavra escorrer, para melhor tomar consciência do que fora dito.
Quando o eco deixou de se ouvir, o silencio manteve-se e todos os rostos se voltaram, uns para os outros. Ironicamente, não se atreviam a olhar para a pessoa que dissera a palavra, como se assim não a tornassem real, palpável e ainda tivessem esperança que tivesse sido só impressão, uma má impressão. Preferiram olhar uns para os outros, incomodados e confusos.
Ao aperceber-se da ação que a palavra tomara, a sua autora repetiu a palavra, desta vez mais alto, para que não voltasse a haver nem dúvidas, e repetiu para que não houvesse tempo de a deixarem escorrer pela parede, a tentar perceber onde ir encaixar aquela resposta.
Toda a vida, havia dito que sim. Sim às ordens, sim aos desafios, sim às perguntas, sim às opiniões dos outros, sim… sim… como se só os outros importassem.
Desta vez, experimentou o não. Beatriz disse não a uma coisa tão simples, tão básica, tão triste e sentiu-se completa, profunda, feliz.
E o que os outros pensavam disso, não lhe importava. Que arranjassem mais alguém para dizer sim, porque agora ela passaria a dizer não!

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #3



Melhor que relatar qualquer acontecimento recente, é rever um de há quase quarenta anos.

Estava no ensino Secundário, em Humanidades (Humanística na época) e tinha, nesse ano, duas disciplinas aos Sábados, lecionadas pelo mesmo professor, que se repetiam às Segundas-feiras. Como cristã, criada numa família Adventista do Sétimo, guardo o Sábado, como dia de adoração a Deus e tinha dispensa das aulas ao Sábado. Ninguém se incomodava ou me incomodava com isso, a não ser quando se marcavam os testes, normalmente dois por período escolar.

Lembro-me que normalmente fugíamos dos testes às Segundas-Feiras para podermos aproveitar o fim-de-semana para fazer o que durante a semana não tínhamos tempo para fazer e embora a maior parte da turma, não se importasse de os fazer nesse dia, por minha causa, havia duas colegas especialmente desagradadas com essa possibilidade, que cada vez que se marcava um teste, batiam o pé. Nessa altura, a democracia e a maioria, eram abafadas e deitadas por terra, com as reclamações delas. Ainda recordo a expressão do professor na minha direção e eu a encolher os ombros. Então ficou definido que um dos testes seria em dia de Sábado e o outro à Segunda-feira.

No fim do ano letivo, reunimos à porta da sala dos professores, esperando que o professor desse a nota acompanhada de uma das frases: tem de ir a exame ou dispensou de exame.
Metade da turma foi a exame e a outra metade dispensou. As minhas contrariadoras colegas ficaram na primeira metade e eu fiquei na segunda.

Eu sei que foi a ação do professor que assim o ditou, eu sei que se ele contabilizasse as minhas notas numa média de 6 testes eu nunca seria dispensada de exame. Ele limitou-se a fazer a média pelos três testes que eu fiz, considerando que se tive 13 ou 14 valores nesses, não iria de certeza ter menos de 10 se fizesse os outros.

Escolhi este acontecimento, não para exibir a minha vitória, que foi o que eu fiz nessa altura, perante toda a turma, mas para refletir que não foi vitória minha, foi ação de Deus que usou como instrumento, o meu professor. E nessa altura, eu não percebi, nem agradeci, estava por demais focada em mim e em me exibir perante os meus colegas, em especial perante duas delas.