sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Sentar

 

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Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a Sua palavra. Lucas 10:39.

Proximidade nem sempre é sinônimo de intimidade. Um dia, Marta convidou Jesus para entrar em sua casa, mas, quando fechou a porta, acabou deixando o convidado de honra na sala e foi cuidar dos preparativos para que aquela visita fosse inesquecível. Essa história deixa claro que é possível receber Jesus em casa sem necessariamente dar atenção ao que Ele está dizendo. Hospedar não significa ouvir. Dividir o mesmo espaço geográfico nem sempre corresponde a compromisso. 

Há quem pense que, quando Jesus entra em nossa vida, Ele Se assenta em uma cadeira e fica em silêncio assistindo ao que estamos fazendo. Acham que andar com Cristo é ocupar os mesmos espaços que Ele. Se Jesus está dentro, então está tudo bem. Seguindo essa linha de pensamento, a presença de Cristo passa a ser uma espécie de amuleto que valida os esforços humanos. Jesus está lá, mas está em silêncio. 

A irmã mais nova de Marta teve uma postura diferente. Maria é citada pelo menos três vezes nos evangelhos. Em situações diferentes, mas sempre no mesmo lugar: aos pés de Jesus. Em João 11, ela se joga aos pés de Jesus para lamentar a perda de seu irmão Lázaro. Em João 12, ela se prostra para lavar os pés de Jesus, em sinal de adoração. No texto bíblico de hoje, em Lucas 10, ela aparece assentada para ouvir as palavras do Mestre da Galileia. Ali está Maria, aos pés de Jesus. Enquanto Marta vai de um lado para o outro, Maria senta e ouve. Maria entendeu que o que fazemos com Cristo é mais importante do que aquilo que fazemos para Cristo. 

Aprendi que as coisas no reino de Deus começam quando estamos sentados, dispostos a ouvir e aprender. Tem muita gente que aprendeu a correr antes de aprender a sentar. É gente que não para. Que realiza, que conquista, que alcança, mas que não conhece a boa parte. Falta ainda parar e ouvir Jesus, como fez Maria. 

Comece esse dia assentado na presença de Deus. Ouça o que Ele tem a ensinar sobre a vida e até sobre você mesmo. Não tenha pressa. Essa é a boa parte. Conhecê-la e desfrutá-la faz toda diferença.

(Meditação Jovem, Sexta-feira, 04 de outubro)

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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

À Flor da Pele


Nas férias, quando tentei atualizar as minhas leituras, dei uma olhadela pelos livros que estão na estante, por ler. Alerto já que não compro livros sem ter a certeza que os vou ler num curto espaço de tempo, mas este foi um dos que comprei numa loja em segunda mão para aproveitar o preço, tal como o anterior. Quatro livros custaram 5 euros.




Três mulheres que aparentemente, não têm nada em comum, a não ser a obsessão doentia e mortal de um psicopata que as escolheu como seus alvos.
Zoe é uma jovem professora primária atraente, recém-chegada à grande cidade. Jennifer é uma ex-manequim atualmente transformada em mãe e esposa modelo. Nadia é uma mulher irrepreensível e livre, animadora de grupos de crianças. Vivendo em locais diferentes de Londres, debatendo-se com os seus problemas e acaletando sonhos próprios, estas três  mulheres têm apenas uma coisa em comum: um potencial assassino que as persegue sádica e doentiamente. À medida que o calor do Verão se vai começando a sentir, estas mulheres começam a receber cartas revelando que estão a ser observadas, estudadas, amadas...até à morte. Todas elas, a príncipio, dirão que as cartas são ridiculas, depois incomodativas, depois aterradoras e, finalmente subjugantes.


Quando li esta sinopse, fiquei com a ideia de as três se iriam cruzar em algum momento das suas vidas, mas isso não aconteceu. A autora não as quis misturar, não quis que se conhecessem, para que se sentissem sós e impotentes nas suas vidas ameçadas.

O livro está dividido em três conjuntos de capítulos, narrados, na primeira pessoa por cada uma das três mulheres. 
O primeiro diz respeito a Zoe que faz queixa na polícia quando recebe a primeira carta e estranha quando se lhe apresentam, quase de imediato, à porta, dois agentes para averiguar. O interesse demonstrado, pela polícia, teve a ver com uma façanha de Zoe no início da narrativa, mas vai-se intensificando quando as cartas continuam a aparecer. 
Nunca nos apercebemos de quem é o psicopata que nos é apresentado no início do livro, como se escrevesse um diário onde se refere às mulheres de uma forma doentia e desagradável. 
Esta parte termina com aquilo que apesar de anunciado, achávamos que não iria acontecer.

No segundo conjunto é Jennifer a narradora, uma dona de casa que não se sente bem com a sua vida, com o seu marido, com os filhos nem com a recém comprada casa que em obras aumenta a sua habitual ansiedade e desespero. Quando recebe a primeira carta, aconselhada por uma amigo, queixa-se à polícia e a sua vida passa a incluir a permanência contínua dos inspetores e agentes, que lhe travam a continuação das obras e lhe aumentam o desespero. 
Acontece de novo e descobrimos que o psicopata era alguém que estava presente na sua vida, embora muito discretamente.

O terceiro conjunto é diferente. O psicopata imiscui-se delicadamente na vida de Nadia, como quem não quer ter nada a ver com ela, mas tentando ser agradável o suficiente para ser bem recebido, o que no meio do rodopio de policias, agentes e inspetores com que tem de viver diariamente, depois de fazer queixa de primeira carta, até é como uma lufada de ar fresco, que nos deixa "aflitos", a nós leitores, porque aqui já sabemos quem ele é. A dada altura Nadia também vai ficar "aflita" e por isso, o desfecho não é o que esperávamos.

Confesso que comeci a ler por curiosidade, e não dava nada pelo livro, achando que era apenas mais um thriller. Mas valeu muito a pena e aconselho, pois a mestria dos autores - já que se trata de uma dupla Nicci Gerard e Sean French, donde resulta o nome Nicci French - sabem como nos manter presos na narrativa, em especial na terceira parte.