quarta-feira, 28 de maio de 2025

Duas caras da mesma moeda...

 


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… ou duas capas do mesmo livro, já que vamos falar de livros. Pelo menos, para já.

Conheço pessoas que não gostam de ler, ou mais bem colocado para não ser completamente injusta, conheço pessoas que gostam de ler, apenas, determinado género de livros (ponto).

Eu gosto de ler e como eu há milhares de pessoas e outros milhares que ainda gostam de ler mais do que eu. Mas, a ideia aqui, é que eu gosto de ler e como tal, leio vários géneros de livros. Posso ter, e é óbvio que tenho, um género favorito, mas isso não me impede de ler outros. Posso até dizer que a idade me ajudou a perceber alguns “gostos” que noutra altura não acreditaria ser possível.

Houve uma determinada altura em que nas minhas leituras predominava o género ficção policial/ação e aventura e muito ocasionalmente fantasia, mas esta, sujeita a muitos requisitos. Atualmente acrescentei a essa curta lista de preferências no género não ficção, História, Humanidades e Ciências Sociais, entre outros. Continuo a preferir ficção policial, mas não faço dela o meu foco diário. Para esse foco está reservada outra leitura que me ocupa, desde sempre.

As pessoas de que falo, que não gostam de ler, aqui e agora vão ser representadas pelas pessoas que gostam de ler um género: ficção/fantasia romântica.

Porque é importante, para esta texto, indicar este género? Porque ao ler esse género, o leitor deixa-se envolver por uma realidade que de real não tem nada e passa a perder o interesse por tudo o que é a verdadeira realidade.

Começam a ler esses livros, deslumbram-se com tudo o que é descrito (é muito bom o trabalho narrativo do autor), os cenários deslumbrantes, os personagens glamorosos e poderosos e, por causa dessas razões a narrativa de um romance de ficção ou não-ficção com uma ação “normal” e pessoas “normais” por muito bem escrito que esteja, não as consegue interessar.

Em um dos seus muitos escritos, Ellen G.White (1827-1915), uma escritora morte americana de não ficção de religião e espiritualidade, diz que é muito difícil para quem tem os sentidos embotados por esse tipo de leitura, encontrar algum interesse na leitura da Bíblia.

Concordo, e, uma vez que faço da leitura da Bíblia o meu foco diário, por vezes, confesso, evito ler certas “coisas” que de alguma forma me possam afastar dele ou me possam levar a perder a concentração no que leio, porque pode não ser deslumbrante e glamoroso. Mas, um dia destes, percebi que se a prioridade da nossa vida estiver bem definida, nada nos afastará dela.

Vejamos, como cheguei a essa conclusão brilhante, se me permito ser imodesta.

Se eu tenho como prioridade na minha vida Deus, terei, como prioridade, entre as leituras que faço, a Bíblia. Mas como sou um dos milhares de pessoas que gostam de ler, não leio apenas a Bíblia. E até leio ficção. E “descobri” que ao contrário do que receava, não me afastam do foco prioritário e de alguma forma, me direcionam para ele.

Há alguns anos, quando tinha mais tempo disponível (ou pelo menos o sabia gerir melhor) escrever contos era um dos passatempos que mais gostava. O facto de não ter telemóvel com as redes sociais e afins à mão, como agora, criava a necessidade de ocupar o tempo de outra forma, muito mais saudável, mais eficaz e mais produtiva. Confirmei isso, ontem quando esqueci o telemóvel no emprego e comecei a escrever este texto.

Retomando o assunto dos contos, posso dizer que os havia de não ficção e de ficção, dependendo do tipo de ação ou de personagem a que pretendia dar “vida”, pois quer uma quer outro eram estudados e criados com determinada intenção e viviam na minha imaginação até estarem prontos para fazerem parte de alguma narrativa. É por isso, que ainda hoje, anos após os “conheço” e em alguns momentos me dão saudades. É de loucos? Não. Diria que é um mal saudável de que sofrem todos os autores. E com isto não estou a dizer que sou uma autora, mas é para que entendam.

Posto isto, apeteceu-me reler um desses contos, especialmente focada em determinados momentos da narrativa/ação, que implicavam desabafos, memórias, tomadas de decisão que demonstravam os porquês de determinado personagem aos olhos do autor e do leitor, ser visto como importante, cativante, poderoso, desejável e quase, quase inalcançável, apesar de tão próximo.

Terminei a leitura, tentando não perder muito tempo a pensar no que lera e a dada altura, como um baque, dei conta de que queria ir ler a Bíblia. Queria ir ler sobre o personagem mais importante, mais cativante, mais poderoso, mais desejável e que apesar de inalcançável está tão perto de nós!

Gostei de reler sobre os meus personagens de ficção e fiquei deslumbrada porque quis ler mais sobre Cristo. Quis mais de Cristo, não deles!

E aqui, chegamos às duas faces da mesma moeda e afinal já não estamos a falar de livros, embora possamos usar o termo uma vez ou outra.

Quando uma pessoa respira ideias ou personagens com as caraterísticas acima, vagamente listadas, pouco interesse vai ter em ler livros que nos falam de uma pessoa “normal” que viveu uma vida “normal” e que apesar de todos os milagres sofreu, humilhou-se e deixou-se matar numa cruz como um vulgar criminoso. Onde se encontra o poder, a importância, o deslumbre?

E isto, leva-me à conclusão, não será só a mim com certeza, de que Cristo deve ser apresentado, em primeira instância, de uma maneira para uns e de outra maneira, para outros. Por exemplo, numa conversa com uma dessas pessoas que respira esse tipo de ficção, não posso introduzir Cristo dizendo que Ele se fez homem, se fez servo, nesta Terra. Devo começar pelo Seu Poder no Céu, pela Sua Transcendência e só depois lhe falarei do Plano…

É exatamente o mesmo, quando se fala do amor de Deus e da Sua justiça. Ambos são atributos do Seu caráter não se podendo falar de um esquecendo o outro, mas há pessoas que reagem melhor e são mais acessíveis a uma conversa sobre o amor de Deus e outras a uma conversa sobre a Sua justiça.

Se uma pessoa tiver mais interesse sobre narrativas, escritas ou faladas, que falam do Poder e da Justiça ministrada por Quem é Poderoso, escutará com mais interesse quando se fala de um Ser que é Omnisciente, Omnipotente e Omnipresente, que é Senhor do Universo e que julgará todas as nações e lhes dará a terrível recompensa, que a Sua Soberania lhe concede o direito de aplicar porque é Senhor e Criador de tudo. E isso traz segurança.

Quando, a essa pessoa, for dito que a par desses atributos Deus é amor e que foi por amor que Se tornou um de nós para nos salvar e que apesar de ter morrido em um momento, nunca deixou de ser Justo e Soberano, ela receberá mais esse encanto e vai interessar-se mais ainda.

E, vice-versa. Se nos apaixonamos por Quem tanto amou assim, receberemos sem nenhum temor ou incerteza, um Deus que faz juízo e é Todo-Poderoso, porque sabemos que Ele nos ama.

Ele é, assim, Importante, Cativante, Poderoso, Desejável e, apesar de Inalcançável vive em nós.

Uma moeda tem de ter duas faces, diferentes, mas que a completam e a tornam numa moeda válida, tal como um livro pode ter duas capas e tal como nós podemos usar a que mais nos cativa, em dado momento, sem esquecermos que a outra também faz parte dele.

E este texto, afinal,  nunca foi sobre livros ou sobre moedas.









  

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Jesus em Génesis

 

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No princípio, Deus criou os céus e a terra. Gênesis 1:1


O livro do Gênesis é singular por vários motivos. Ao contrário dos mitos da criação que dominavam o imaginário dos povos antigos, nele encontramos uma narrativa única sobre a origem da Terra. Os primeiros ouvintes de Moisés devem ter se surpreendido ao ver que no Gênesis não há nenhuma explicação sobre a origem do Criador; Ele é eterno.

Nos mitos egípcios e mesopotâmicos, mesmo que os deuses desempenhem o papel de criadores da humanidade, eles não são eternos. O Universo já existia antes deles, e alguns chegam até mesmo a morrer, como é o caso de Osíris. 

No Gênesis, o Sol, a Lua e as estrelas não são seres divinos, mas sim astros criados para governar os dias e as estações. A criação da humanidade é um ato de amor por parte de Deus, que prepara o jardim para receber Adão e Eva.

Nos mitos pagãos, o jardim existe em função dos deuses, e os seres humanos são criados apenas para servi-los. Enquanto o dilúvio na Bíblia é resultado da violência dos povos, na versão pagã, a inundação aparece como um capricho dos deuses que se cansaram da humanidade, considerando-a desnecessáriae tediosa. 

O mais lindo, no entanto, é o modo como o Gênesis revela a pessoa de Cristo. A palavra “princípio” em hebraico admite o sentido de cabeça, primazia, primogênito, primeiro. Sabendo disso, Paulo aplicou todos esses sentidos à pessoa de Jesus: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois Nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter a primazia em todas as coisas” (Cl 1:15-18).

Ao escrever “no princípio criou Deus”, Moisés poderia estar indicando que “por meio de uma pessoa chamada princípio, Deus criou”. O complemento está no Novo Testamento, quando João afirma que o princípio de que falou Moisés era o Verbo que habitou entre nós (Jo 1:1, 14).

Ao contrário dos deuses pagãos, nosso Criador não é um mito, mas sim uma Pessoa que nos ama e deseja Se relacionar conosco.

Escolha hoje manter comunhão com Ele também!

Devocional paraAdultosdo diaSexta-feira,  23 de Maio de 2025 

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

O Ano Mil

 


Sinopse:

Um povo aterrorizado pela iminência do fim do mundo: no espírito de muitas pessoas, esta imagem do Ano Mil ainda hoje permanece viva, o que prova que os esquemas milenaristas ainda não perderam completamente na nossa época o seu poder de sedução na consciência coletiva.

Servindo-se de uma abundante e vastíssima documentação, o autor procura reconstituir neste livro um quadro suficientemente amplo do Ano Mil, nos seus aspetos mais característicos: apocalíptico, prodigioso, místico, maniqueísta, etc.

Resumo: "O Ano Mil" é um livro essencial para qualquer pessoa interessada na história medieval. O livro oferece uma visão abrangente da Europa Ocidental no século X, um período de grandes transformações sociais, culturais e religiosas. Duby é um mestre da narrativa histórica, e ele consegue dar vida ao passado de uma forma que é ao mesmo tempo envolvente e informativa.

A Igreja Católica Romana era a força dominante na sociedade medieval. O Papa era o líder da Igreja, e ele tinha autoridade sobre todos os cristãos.  A Igreja controlava a educação, a cultura e a vida religiosa das pessoas. 

O ano mil foi um momento de grande ansiedade e medo. Muitas pessoas acreditavam que o mundo acabaria no ano mil. Esse medo era baseado em uma interpretação literal do Apocalipse de João, o último livro do Novo Testamento. 

Também foi um momento de grandes mudanças na Europa Ocidental. Essas mudanças tiveram um impacto profundo no desenvolvimento da sociedade, da cultura e da religião europeias. O legado do ano mil ainda pode ser visto hoje na Europa e em todo o mundo.

Nota: Nenhum destes resumos é de minha autoria. Optei por os usar já que diziam tudo o que eu poderia dizer ou nem saberia como dizer. Como tal, encaminho-vos para os originais:

Podem ver o artigo que deu origem ao resumo, na totalidade AQUI e uma resenha do livro AQUI.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Lições do Deserto


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O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até o dia em que havia de manifestar-se a Israel. Lucas 1:80

Em uma entrevista, o malinês Moussa Ag Assarid falou sobre suas origens: “Não conheço minha idade; nasci no deserto do Saara, sem endereço nem documentos. Nasci em um acampamento nômade tuaregue, no norte do Mali, e fui pastor dos camelos, cabras, cordeiros e vacas que pertenciam a meu pai. Hoje, estudo administração na Universidade de Montpellier, no sul da França.” A vida de Assarid mudou graças a uma jornalista que o presenteou com o livro O Pequeno Príncipe, durante uma das provas do Rali Paris-Dacar.

Depois de ler o livro e migrar para a França, ele se tornou um intelectual respeitado, e parte de suas reflexões foi publicada em seu livro Não Há Engarrafamentos no Deserto!, lançado em 2006. Quando lhe perguntaram o que mais o chocou na Europa, ele respondeu: “Ver gente correndo nos aeroportos só para pegar bagagem.

No deserto, só corremos quando uma tempestade de areia se aproxima. [...] Depois, no hotel, vi uma torneira pela primeira vez: ver a água fluindo deu vontade de chorar.” Ele disse ainda: “Tenho saudade do leite de camela, das fogueiras, de caminhar descalço na areia e das estrelas. Enquanto vocês veem televisão, lá, admiramos o céu e conversamos sobre a vida. [...] O que mais me incomoda aqui é a insatisfação. Vocês têm tudo, mas nada é suficiente. Vivem se queixando. Acorrentam-se por toda a vida a um empréstimo de banco e vivem com pressa, numa ânsia de possuir que nunca acaba. No deserto não há engarrafamentos, porque ninguém quer passar na frente de ninguém! Aqui, vocês têm o relógio; lá, temos o tempo” (citado por Paulo Castro, Revista por um Mundo Melhor 3 [2018], p. 29-32).

Você não precisa se tornar um morador do deserto para viver feliz. Mas, que tal considerar a observação de um oriental e ajustar alguns aspectos do seu estilo de vida? Ele vivia mais próximo da cultura bíblica do que nós, que estamos imersos na correria dos grandes centros. Eu sei que pode ser difícil eliminar alguns maus hábitos, mas como diz um provérbio beduíno: “Se você tem um destino certo, até o deserto se torna uma excelente estrada.” Sejamos sempre agradecidos.

Devocional paraAdultosdo diaQuinta-feira,  15 de Maio de 2025 

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Vestes de justiça

 


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A minha alma se alegra no meu Deus, porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça. Isaías 61:10

Certo pregador compartilhou a indignação de seu filho ao ver um livro de histórias bíblicas que mostrava crianças no Céu vestidas com túnicas brancas.

“Isso não está certo”, disse o menino. “Todo mundo vai rir se eu usar essas roupas, e não dá para subir em árvores nem jogar bola com isso. Sem contar que mamãe vai surtar se eu me sujar.” 

O imaginário infantil nos surpreende. De fato, sem a devida explicação, a imagem bíblica das vestes de justiça ou das vestiduras brancas de Apocalipse 3:5 não faz sentido. Seriam apenas mais uma peça no guardaroupa, sem muita diferença. Talvez seja útil saber que, no passado, as roupas eram o item pessoal mais caro para um cidadão comum. Dependendo da função, um trabalhador comum recebia de 1 a 2 denários por dia, e a túnica mais simples custaria 500 denários e demoraria de 6 a 12 dias para ficar pronta. Enquanto ladrões de hoje roubam celulares, os do passado roubavam roupas, como fizeram os bandidos na parábola do bom samaritano (Lc 10:30).

Coletores de impostos e soldados, como os que estavam ao pé da cruz, também se apropriavam das vestes de suas vítimas como forma de obter dinheiro extra ou forçá-las a pagar impostos. Capas e túnicas serviam como penhor na hora de tomar um empréstimo. Por isso, as pessoas comuns tinham uma, duas, no máximo três túnicas em seu guarda-roupas. Uma era usada no corpo, outra estava sendo lavada, e uma terceira túnica especial, geralmente branca, era reservada para momentos de festa ou cerimônia religiosa, como a visita ao templo em Jerusalém. Nesse contexto, quando alguém ouvia que andaremos com Cristo vestidos de branco, a riqueza dessa promessa saltava diante dos olhos.

Onde conseguiremos recursos para as vestes? O sangue de Cristo arcaria com as despesas. A Bíblia diz: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes, para que tenham direito à árvore da vida e entrem na cidade pelos portões” (Ap 22:14).

Certamente, as vestes do Céu serão muito mais do que simples roupões brancos. Elas representam a certeza da cura da nudez que herdamos de Adão e Eva. Vale a pena almejar por elas.

Devocional paraAdultosdo diaSexta-feira,  09 de Maio de 2025 

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