quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Restauro de livro - capa de Bíblia

Dei inicio ao meu novo projeto: restauro de livros, ou melhor dito, de capas, porque a parte de restauração das folhas ainda está em estudo.

O meu primeiro paciente era assim:


E ficou assim:


Esta bíblia já tinha ido para a sua dona atual em segunda mão e suponho que já em avançado "estado de decomposição". Com o uso, tendeu a piorar.

Preparei as ferramentas que achei necessárias, das quais usei apenas umas sete: tesoura, x-acto, régua, fita crepe, espátula, pincel e rolo. Isto com a habituação vai sendo melhor controlado e não vou precisar de ter este "estenderete" aqui. 
Obs.: Não sei se o termo "estenderete" é alguma coisa, ou está devidamente utilizado, mas ouvia-o muitas vezes na minha infância quando espalhava a minha tralha pela casa e a minha avó dizia: "vê se arrumas esse estenderete!"

Comecei por desmontar a bíblia e separar as partes danificadas. O miolo separou-se da capa, mal a abri, tendo ficando duas ou três folhas presas.


Recuperei as páginas que se soltaram do miolo, o melhor que consegui, endireitando as margens tortas e rasgadas, aproveitando a margem de colagem para colar as que dava para isso e fotocopiei uma das páginas que não se conseguia recuperar por estar coladas na capa, no papel de guarda, pois calculei que interessasse à dona manter o que lá estava escrito.


Depois de coladas ficaram em descanso. Não há como um bom livro para melhorar outro.
Neste espaço de tempo preparei a capa, colando o tecido de revestimento ao cartão e reforcei a lombada interior com papel. Ficou em repouso, debaixo de um livro, até o dia seguinte.


Antes de unir folhas e capa, coloquei marcadores de fita e fita de "cabeceado" (para quem não sabe é aquela fitinha que está em cada extremidade da lombada, para dar um acabamento mais simpático).
Montei as folhas e a capa, unindo-as com o papel de guarda.





Notas pós trabalho:
1 - No futuro não é preciso tanto material exposto;
2 - O papel de guarda deverá passar a ser mais espesso - pelo menos 120g, convém não esquecer que é esse papel que une as folhas à capa;
3 - Nunca levar a peça de revestimento, já cortada na medida da capa a forrar, para gravar. Levei o tecido com a marca onde queria a gravação do título, não ligaram nenhuma à minha marca, centraram como entenderam e a legenda ficou desviada do centro quando montei no cartão e não tinha excesso para acertar, daí que tive de inventar e aplicar um enfeite, neste caso a borboleta, para disfarçar o não centrado do título.
4 - Se encontrarem no texto termos esquisitos, queiram dar-me desconto, porque a maior parte das indicações, tirei-as de sites brasileiros.



1 comentário:

José Marcos Serra disse...

A Maria João é mesmo uma caixinha de surpresas! Felicito-a.
Sabe que também eu fiz trabalhos desses (exº. A Guerra e Paz, Os Lusíadas, Nossa Senhora de Paris...), antes dos meus 20 aninhos, para tirar a especialidade de encadernador nos escuteiros?
Enfim: coisas simples que nos enriquecem.
Saúde e Paz.
JMS