sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #3



Melhor que relatar qualquer acontecimento recente, é rever um de há quase quarenta anos.

Estava no ensino Secundário, em Humanidades (Humanística na época) e tinha, nesse ano, duas disciplinas aos Sábados, lecionadas pelo mesmo professor, que se repetiam às Segundas-feiras. Como cristã, criada numa família Adventista do Sétimo, guardo o Sábado, como dia de adoração a Deus e tinha dispensa das aulas ao Sábado. Ninguém se incomodava ou me incomodava com isso, a não ser quando se marcavam os testes, normalmente dois por período escolar.

Lembro-me que normalmente fugíamos dos testes às Segundas-Feiras para podermos aproveitar o fim-de-semana para fazer o que durante a semana não tínhamos tempo para fazer e embora a maior parte da turma, não se importasse de os fazer nesse dia, por minha causa, havia duas colegas especialmente desagradadas com essa possibilidade, que cada vez que se marcava um teste, batiam o pé. Nessa altura, a democracia e a maioria, eram abafadas e deitadas por terra, com as reclamações delas. Ainda recordo a expressão do professor na minha direção e eu a encolher os ombros. Então ficou definido que um dos testes seria em dia de Sábado e o outro à Segunda-feira.

No fim do ano letivo, reunimos à porta da sala dos professores, esperando que o professor desse a nota acompanhada de uma das frases: tem de ir a exame ou dispensou de exame.
Metade da turma foi a exame e a outra metade dispensou. As minhas contrariadoras colegas ficaram na primeira metade e eu fiquei na segunda.

Eu sei que foi a ação do professor que assim o ditou, eu sei que se ele contabilizasse as minhas notas numa média de 6 testes eu nunca seria dispensada de exame. Ele limitou-se a fazer a média pelos três testes que eu fiz, considerando que se tive 13 ou 14 valores nesses, não iria de certeza ter menos de 10 se fizesse os outros.

Escolhi este acontecimento, não para exibir a minha vitória, que foi o que eu fiz nessa altura, perante toda a turma, mas para refletir que não foi vitória minha, foi ação de Deus que usou como instrumento, o meu professor. E nessa altura, eu não percebi, nem agradeci, estava por demais focada em mim e em me exibir perante os meus colegas, em especial perante duas delas.

6 comentários:

A M disse...

Gostei!
Beijinhos e bom fim de semana

Ana Mestre
Blog that's it

cantinhodacasa disse...

muito bom

Belinha Fernandes disse...

Também tive uma colega que sempre faltava às aulas por uma questão religiosa. Já me tinha esquecido dela...A sua razão para faltar era legítima. Mais do que a das colegas para não quererem testes à segunda. Hoje os professores valorizam não apenas as notas dos testes mas muito mais. Naqueles anos atendiam mais aos testes, é a minha opinião. Isso até me favoreceu pois eu não era muito participativa nas aulas...

Sarin disse...

Sempre houve colegas desrespeitadores... e sempre houve professores justos - fazer a média contando testes a que não tinha comparecido seria altamente injusto :)

Avó Cool disse...

Não deveria ser fácil assumir uma posição de fé nessas circunstâncias. Parabéns, foste fiel a ti própria!

Miluem disse...

Gostei de ler, quando andei na escola, também tive aulas ao sábado, nunca nenhum colega faltou por motivos religiosos.